Oferta da viúva pobre (CC)
(Deverá “clicar” nas referências
bíblicas, para ter acesso aos textos)
1 – Introdução
Temos dois evangelistas que registaram
o comentário de Jesus, ao observar a pobre viúva que deitou a sua oferta no Gazofilácio
do Templo de Jerusalém.
Vejamos em primeiro lugar as passagens
dos evangelhos
38
E dizia no seu
ensinamento: “Guardai-vos dos escribas que gostam de circular de toga, de ser
saudados nas praças públicas, 39 e de ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares
de honra nos banquetes, 40 mas devoram as casas das viúvas e simulam fazer longas
preces. Esses receberão condenação mais severa.”
41
E, sentado frente ao Tesouro do Templo, observava como a
multidão lançava pequenas moedas no Tesouro, e muitos ricos lançavam muitas
moedas. 42 Vindo uma pobre viúva, lançou duas moedinhas, isto é, um
quadrante. 43 E chamando a si os discípulos, disse-lhes: “Em verdade eu
vos digo que esta viúva que é pobre lançou mais do que todos os que ofereceram
moedas ao Tesouro. 44 Pois todos os outros deram do que lhes sobrava. Ela, porém,
na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver.”
45
Como todo o povo
escutava, ele disse aos discípulos: 46 “Cuidado com os escribas que sentem prazer em
circular com togas, gostam de saudações nas praças públicas, dos primeiros
lugares nas sinagogas e de lugares de honra nos banquetes, 47 que devoram as casas das viúvas e simulam fazer longas
orações. Esses receberão uma sentença mais severa!”
1
Levantando os olhos, ele viu os ricos lançando ofertas no
Tesouro do Templo. 2 Viu também uma viúva indigente que lançava duas moedinhas, 3 e disse: “De facto,
eu vos digo que esta pobre viúva lançou mais que todos, 4 pois todos deram do
que lhes sobrava para as ofertas; esta, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o
que possuía para viver”.
Utilizamos a tradução da Bíblia de
Jerusalém, mas se “clicar” nas referências bíblicas (estando ligado à
internet), poderá ter acesso a outras traduções, noutras línguas.
2 - Vulgar interpretação destas passagens
Estas passagens são bem conhecidas do
povo evangélico e do povo católico, não só no nosso mundo lusófono como noutras
línguas e culturas, e certamente que a maior parte dos nossos leitores já ouviu
muitas pregações sobre a oferta da viúva pobre como um incentivo à
contribuição, como uma exortação a procedermos como esta pobre viúva que deu
tudo o que possuía, ficando assim como um exemplo de contribuição que Jesus
apresentou.
Consultei alguns comentários e
principalmente na internet, encontrei muitas dezenas de artigos, de
protestantes, de católicos e de espíritas, que pouco ou nada diferem entre si.
Estes versículos são sempre abordados com uma mentalidade utilista,
tendo em vista o incentivo à contribuição, sem a mínima preocupação em
aprofundar o assunto, com uma análise destes versículos integrada no seu
contexto. Não digo que não haja estudos mais sérios e desenvolvidos sobre o
assunto, o que digo é que eu não os encontrei.
O que acontece geralmente, é que quase
todos os estudos sobre estas passagens são elaborados por pastores ou padres
que mesmo antes de leram os textos bíblicos já
idealizaram as conclusões. Têm os seus objectivos a atingir (de acordo com a
programação de suas igrejas), geralmente o crescimento do número de crentes, o
aumento das contribuições etc. Assim, todas as passagens bíblicas, são quase
sempre interpretados da forma mais útil para os objectivos a alcançar, neste
caso, o aumento das contribuições. Aliás, todos os comentários que consultei
indicam a mesma interpretação e simplesmente ignoram o contexto destas duas
passagens.
3 – Dúvidas da assistência a que ninguém responde
Certamente que numa pregação
tradicional sobre este assunto, muitas dúvidas ficam sem resposta.
“Então, como é? Essa viúva entregou
tudo para o Templo, que corresponde à igreja dos nossos dias, tudo que possuía
para viver, e depois?...
Se ficou sem nada, depois disso foi
pedir esmola? Ou terá morrido à fome?
É essa a vontade do Mestre? Jesus quer
que entreguemos tudo para a Igreja?
Não estará esta explicação em
contradição com muitas outras passagens em que Jesus mostra a sua preocupação
para com os pobres e as viúvas?”
4 – Viúvas e escribas, no contexto histórico e cultural em que Jesus
viveu.
4.1 – Viúva
Julgo importante dizer algumas palavras
sobre a situação da viúva no contexto cultural em que Jesus viveu.
A mulher israelita do tempo de Jesus, era alvo de forte discriminação imposta pela Velha Lei. No
Templo não podia ir além do Pátio das mulheres, e não estava de forma alguma
preparada para sobreviver economicamente sem o seu marido. As mulheres das
principais famílias de Jerusalém, raramente saíam à rua antes do seu casamento
e mesmo depois de casadas, quando saíam, passavam despercebidas com a cara
tapada por um véu.
Quando criança, até aos doze anos e um
dia, a mulher aprendia os trabalhos domésticos e era propriedade de seu pai,
que inclusive a podia vender como escrava, de acordo com Êxodo 21:7. A
educação da mulher era diferente da que recebiam os seus irmãos e o seu
casamento era decidido por seus pais, muitas vezes sem seu conhecimento.
Assim, não admira que, em caso de
falecimento do dono da casa, se não houvesse filhos, as suas mulheres não
estivessem minimamente preparadas para defender os seus direitos no “mundo dos
homens” como os negócios, conselhos, tribunais etc. Aliás as mulheres não
podiam herdar os bens do seu marido, pois o território de Israel estava
distribuído pelas suas tribos que a Velha Lei tentou preservar e a mulher
poderia ser de outra tribo diferente da de seu falecido marido. Se uma mulher
pudesse herdar as terras de seu falecido marido e fosse de outra tribo, poria
em risco a divisão do território pelas onze tribos de Israel, pois a tribo de
Levi não tinha terras.
A viúva, se não tivesse pelo menos um
filho, que pudesse herdar as terras de seu pai, continuava de certa maneira
ligada ao seu falecido marido, e de acordo com Deuteronómio 25:5/10
deveria esperar que algum dos seus cunhados a tomasse como mais uma de suas
mulheres em respeito pela memória de seu irmão. Só depois dos seus cunhados a
rejeitarem e depois de cumpridos os rituais que constam do texto que
mencionamos em Deuteronómio é que ela poderia tentar novo casamento.
Assim, a expressão que aparece no texto
de Marcos e de Lucas “viúva pobre”, nesse contexto cultural, leva-nos a
imaginar uma viúva que não tivesse filhos, nem cunhados que a recebessem, nem
quaisquer meios de subsistência.
4.2 – Escriba
Como o próprio nome indica, o escriba
era o homem que escrevia, facto que necessita de mais alguma informação, pois
na nossa época, há dois pormenores importantes que mudaram. O número dos que
sabiam escrever era bem menor em relação à nossa época, e menor ainda era o
número dos que se podiam “dar ao luxo” de escrever, numa época em que não havia
papel e a escrita era registada em papiro ou em pele preparada para a escrita,
materiais que não estavam ao alcance da maior parte da população.
No início da história de Israel, só
havia os sacerdotes, cargo reservado à tribo de Levi, mas nos últimos séculos
antes da época de Jesus, apareceu essa nova classe superior, a dos escribas.
O principal trabalho do escriba era
escrever, ou copiar os textos das Escrituras Sagradas, em especial do
Pentateuco. Mas havia também outros trabalhos para os escribas, quer nos
negócios do governo de Israel, quer como notários públicos, ou como empregados para
registar o que lhes ditavam e também se dedicavam ao ensino.
Segundo nos informa o historiador
Joaquim Jeremias, era proibido ao escriba receber qualquer remuneração pelo seu
trabalho.
Mas, então?!!..
Irão certamente perguntar: De que viviam os escribas?
O mesmo historiador nos dá a resposta.
“Com frequência, os escribas do tempo de Jesus exerciam uma profissão ao lado
do ensino, mas era sobretudo de auxílios que viviam.”
Podemos talvez relacionar o escriba com
o “profissional cristão” dos nossos dias. Eles correspondiam aos leigos dos
nossos dias, que se dedicam ao estudo da teologia e dão a sua colaboração nas
igrejas além da contribuição económica, sem terem nenhum cargo eclesiástico.
Duma maneira geral, podemos afirmar
que, enquanto a preocupação do sacerdote era provar a sua genealogia, pois
sendo levita tinha o seu sustento garantido pela Velha Lei, o escriba era o
vulgar israelita, que se interessava pela teologia e tinha de estudar para ter
direito a usar a capa que o identificava como escriba.
Enquanto o sacerdote era valorizado
pela sua genealogia, entre os escribas, o saber era o único e exclusivo factor
de prestígio e poder. Mas também havia sacerdotes com formação de escriba e até
prosélitos gentios que se tornaram escribas de grande prestígio. Flávio Josefo,
o grande historiador da antiguidade, também era escriba.
Segundo o historiador Joaquim Jeremias,
o jovem pretendente a escriba, estudava durante vários anos com o seu mestre
até dominar toda a matéria tradicional. A partir dessa altura era considerado
“doutor não ordenado”. Somente depois dos 40 anos de idade é que podia ser
recebido na corporação dos doutores. Somente estes doutores ordenados
transmitiam e criavam a tradição derivada da Torá, que estava em pé de
igualdade com a Lei escrita e por vezes até acima desta.
As decisões dos escribas eram altamente
prestigiadas, o partido dos fariseus era quase exclusivamente composto por
escribas e eles eram os únicos que, sem serem levitas, faziam parte do
Sinédrio.
Como já dissemos, de início o escriba
não podia receber qualquer remuneração pelo seu trabalho, geralmente de ensino
ou de interpretação da Lei. Mas, como conheciam muito bem a Lei
veterotestamentária, talvez possamos dizer que correspondiam aos advogados da
nossa época.
É natural que, quando algum pobre
desprotegido, nomeadamente uma viúva se sentisse perdida e abandonada, a pessoa
que procurava para a ajudar fosse o escriba, que era mais sério, desinteressado
e geralmente até mais conhecedor da Lei do que o próprio sacerdote. Podemos até
comparar ao que se passa no catolicismo romano dos nossos dias. Embora
hierarquicamente o sacerdote católico tenha um cargo mais elevado que o frade,
não há dúvida de que a humildade das ordens religiosas tornaram o vulgar frade
mais querido e respeitado que o sacerdote. Um caso típico é o que menciono no
meu artigo “Papa na Índia” em que o Papa (João Paulo II) teve de ser protegido
pela polícia indiana, no mesmo país em que as seguidoras de Madre Teresa de
Calcutá circulam livremente e são respeitadas por hindus e islâmicos.
Joaquim Jeremias também se refere à
oferta da viúva pobre, dizendo: “É difícil pensar que se trata, para os
escribas, de cobrar, de modo ilícito, as consultas jurídicas ou de não
reconhecer às viúvas seus direitos, ou então que se trata da prosbole de Hilel (que
permitia alterar a Lei sobre a quitação das dívidas por ocasião do ano
sabático) que despejaria de suas casas a viúvas endividadas. Provavelmente, o
texto refere-se aos escribas parasitas, exploradores da hospitalidade de
pessoas pouco afortunadas.”
Parece que os altos ideais dos escribas
que apareceram alguns séculos antes do nascimento Jesus, já estavam esquecidos
nessa época em que Jesus viveu.
5. A oferta
Pode parecer-nos um tanto estranha a
afirmação de Marcos de que muitos ricos
lançavam muitas moedas. Na nossa cultura, é natural
identificarmos as moedas com as pequenas importâncias, pois para importâncias
elevadas, utilizamos as notas ou o cheque bancário. Mas nessa época ainda não
havia dinheiro em notas. Só havia moedas que podiam ser em cobre, prata ou
ouro, atingindo valores muito elevados.
A maior parte das nossas traduções
referem-se a “duas moedinhas” que foram lançadas pela viúva pobre no
gazofilácio, que era uma secção do Templo, perto do átrio das mulheres que,
assim como os estrangeiros, não podiam entrar no salão principal, por serem
mulheres.
Nesse compartimento, segundo alguns
comentaristas, havia treze caixas para ofertas, com abertura em forma de
trombeta e segundo outros comentários eram três caixas.
Como consta nas cópias dos textos
originais em grego, a oferta foi de dois leptas em
cobre.
Não é possível traduzir a palavra lepta nem é possível avaliar o seu câmbio, mas tratava-se
da mais pequena moeda judaica. Não me parece correcta a tradução de lepta por centavo, como aparece em algumas traduções, pois
nessa época ainda não havia numeração árabe decimal como hoje utilizamos, em
que o valor da moeda principal é geralmente dividido por dez ou por cem
(centavo).
Mas, para termos uma ideia do valor dum
lepta, podemos utilizar um esclarecimento do próprio
evangelista Marcos que afirmou: lançou dois leptas, isto é, um quadrante.
É interessante que “quadrante” não é
moeda judaica, mas romana. Marcos, prevendo que o seu evangelho seria lido
pelos crentes espalhados por todo o mundo, coloca este esclarecimento: Os dois leptas valiam um quadrante, pois “quadrante” era moeda
conhecida em todo o mundo, com o significado que a expressão
“todo o mundo” tinha nesse
contexto histórico, significando todo o mundo romano.
Sabemos que um “denário” equivalia a um
dia de salário mínimo dum homem. Havia depois o “asse” que era 1/16 do denário
e a seguir o “quadrante” que valia 1/64 do denário. Portanto o lepta judaico seria metade dessa importância, pois Marcos
nos diz que os dois leptas equivaliam a um quadrante.
Claro que os leitores desta minha
página, se fizerem as contas em relação ao salário mínimo dos seus países,
chegarão a valores bem diferentes se estiveram, por exemplo, em Portugal, ou em
Moçambique, ou noutro país do nosso mundo lusófono. Mas foi a melhor comparação
que encontrei para podermos ter uma ideia do valor da oferta da viúva pobre.
6. A mensagem do Mestre
Depois destes esclarecimentos, já estamos
em melhores condições para compreender o pensamento do nosso Mestre.
Devo dizer, em primeiro lugar, que
Jesus limitou-se a dizer que a pobre viúva deu mais do que todos. Não
encontramos aqui qualquer palavra de aprovação nem de reprovação da atitude
dessa pobre viúva.
De acordo com as normas da
hermenêutica, procuremos investigar, em primeiro lugar, o contexto destas duas
passagens.
Certamente já repararam, que no texto
que transcrevemos da Bíblia de Jerusalém, colocamos a letra mais forte os versículos
que geralmente são lidos nas nossas igrejas, mas colocamos também os versículos
que, tanto em Marcos como em Lucas, antecedem esta passagem e que são muito
importantes para a sua compreensão. Houve da parte dos evangelistas a
preocupação em relacionar todos estes versículos.
Nos textos originais, escritos por
Marcos e Lucas, não havia a divisão em capítulos e versículos que foram
colocados muitos séculos mais tarde, nem havia os títulos dos assuntos, que
foram acrescentados às nossas bíblias. Claro que essa divisão em capítulos e
versículos, é útil para a localização das passagens que nos interessam, mas
também podem ser prejudiciais, se nos deixarmos influenciar por essa divisão na
nossa interpretação dos evangelhos. Nomeadamente em Lucas, o começo dum novo
capítulo pode ser muito prejudicial à nossa compreensão, levando a pensar que
não há nenhuma relação entre os últimos versículos do capítulo 20 e os
primeiros do capítulo 21.
Como disse de início, estes versículos
que nos falam da oferta da viúva pobre, não podem ser compreendidos
isoladamente do seu contexto. O pensamento principal, que está na base desta
passagem, é a dura crítica de Jesus aos escribas, pela maneira como se
apresentavam, acusando-os de “devorarem as casas das viúvas”. Logo em seguida a
esta crítica, aparece esta pobre viúva, cuja função é certamente ilustrar a
afirmação anterior. É com este “pensamento de fundo” que se deve interpretar a
descrição do que se passou com esta viúva, simples exemplo do que certamente se
terá passado com muitas outras viúvas.
Ambos os evangelistas citam o caso dos
judeus mais ricos, que lançavam as “muitas moedas”. Portanto, todos podiam ver
o que eles deitavam e possivelmente eles até se orgulhavam de dar, enquanto
eram observados e louvados pela assistência, facto que foi duramente criticado
pelo Mestre. Que diria Jesus das igrejas dos nossos dias que substituíram o
tradicional saco das ofertas pelo prato das ofertas em que se pode ver o que
cada um dá, afirmando que assim a contribuição é maior?!!
Todos repararam nos ricos e suas
avultadas ofertas, mas penso que a viúva pobre, teria passado despercebida, se
Jesus não falasse nela.
Mas, há aqui um pormenor que considero
muito importante. Apesar da grande discussão que Jesus manteve com os
“religiosos”do seu tempo, os escribas e fariseus, e apesar do Mestre saber que
estava próxima a hora de dar a sua vida na cruz do Calvário, Jesus observa os
que dão a sua oferta para o Templo e Jesus sabe perfeitamente tudo que vai no
íntimo de cada um. Penso que isto é uma consolação para muitas viúvas dos
nossos dias. Jesus vê. Jesus sabe. Jesus compreende. Ainda hoje, Ele observa o
que se passa nas nossas igrejas.
É natural que a viúva se tenha
aproximado do gazofilácio com certo sentimento de culpa, pois segundo alguns
historiadores, os sacerdotes preferiam moedas romanas às próprias moedas de
Israel, porque as moedas romanas eram cunhadas com ligas de metal de melhor
qualidade. Além disso, os sacerdotes tinham determinado o valor mínimo da
oferta que recebiam, e as duas moedinhas eram as menores moedas judaicas e
certamente que não estavam dentro desse limite mínimo. Portanto, para os
entendidos em religião, a viúva pobre estava em transgressão e a sua oferta era
demasiado pequena para poder ter aceitação.
A afirmação de Jesus, de que a viúva
deu mais do que todos os outros, vem arrasar toda a velha teologia. É um novo
critério que avaliação que não se encontra em todo o Velho Testamento. Somente
nos antigos textos do Budismo se encontra algo semelhante, também com uma pobre
velhinha.
Em face dos ensinos do próprio Filho de
Deus, todos os antigos textos veterotestamentários se tornaram deuterocanónicos
(menos inspirados).
Que dirá Jesus das nossas igrejas, nas
sua segunda vinda?
Que dirá Ele da cobrança do dízimo e ofertas
sacrificiais a muitas outras viúvas dos nossos dias? Quais as prioridades das
verbas das nossas igrejas? Será a ajuda aos pobres e necessitados? Ou o
sustento pastoral e construção de edifícios religiosos?
Não nos compete responder. Mas, será
que iremos voltar a ouvir coisa semelhante à afirmação do Mestre:
“Guardai-vos dos escribas que
gostam de circular de toga, de ser saudados nas praças públicas, e de ocupar os primeiros
lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes, mas devoram as
casas das viúvas e simulam fazer longas preces. Esses receberão condenação mais
severa.” Marcos 12:38/40
Só que, em vez de “escribas”, poderão
estar os títulos de outros respeitáveis cargos religiosos dos nossos dias.
Camilo – Marinha Grande,
Portugal.
Julho de 2005
Veja também estudos sobre outros
personagens bíblicos em Diversos assuntos
bíblicos
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Luciana
R. A. Viana
Esse texto é muito explorado nas
igrejas a fim de se incentivar as contribuições. Gostam muito de apresentar
também o texto de Ananias e Safira, onde, erroneamente, dizem que eles não
devolveram ao Senhor o que deviam (se referindo aos dízimos). Omitem aos fiéis,
que esse casal morreu porque reteve parte da soma da venda da propriedade, soma
que eles haviam prometido aos apóstolos, ou seja, se vendessem a propriedade e
não prometessem doar a quantia, o dinheiro era deles. O próprio Pedro afirma
isso. Mas prometeram a Deus e não cumpriram, e ainda mentiram, não a Pedro
apenas (como pensavam), mas ao Espírito Santo.
Semelhantemente ao que foi retratado
nesse texto, é que em todo o Novo Testamento, mais especificamente em Atos dos Apóstolos,
se lê que as contribuições dadas aos apóstolos eram destinadas às viúvas e
órfãos e não para benefício pessoal como é feito hoje. O Ap. Paulo até foi
fazer tendas para a ninguém ser pesado financeiramente. Se os demais apóstolos
alguma ajuda recebiam dessas contribuições, nitidamente não era algo
escandaloso como nos nossos dias.
Luciana R. A Viana
Recife, Brasil
2005/07/13
Estudos
bíblicos sem fronteiras teológicas