Tolerância religiosa (OF e CC)

(Leia primeiro o artigo Maomé (ar. Muhammad) e Jesus (ar. Issá) (YA))

(Clicar nas referências sublinhadas para ter acesso aos textos)

 

 

 

 

              Osni de Figueiredo

 

Prezado irmão Camilo. Que a Paz de nosso Senhor Jesus Cristo seja connosco.

Espero que esta lhe encontre gozando de plena saúde e disposição.

Um assunto me inquieta deste seu comentário sobre o artigo do senhor Yiossuf Adamgy, o que me levou a rever quais os conceitos Islâmicos.

Obs. Só os conheço em tese.

 

Sabes bem que sou admirador de sua postura segura e acirrada contra aqueles que querem alterar ou adulterar a correcta interpretação da Bíblia Sagrada, tenho o senhor como um atalaia da parte do Senhor, sempre vigilante desafiando os “poderosos” que querem inserir elementos estranhos à graça que nos concedeu Jesus não temendo ser desprezado pelos tais, porém me turbei ao ver que se desapontas com divergências que repelem a coexistência do cristão com uma outra revelação trazida por um anjo, neste caso o anjo Gabriel trazendo o Alcorão, o oriente médio é um exemplo clássico disto, sendo o berço do evangelho de Cristo como disse Paulo aos Gálatas: Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

O profeta Maomé se alinharia aos profetas do A.T.? (a despeito de Mateus 11:13) já que reivindica doutrinas suspensas tais como a purificação (que consiste em lavar as mãos, os antebraços, a boca, as narinas, a face, em passar água pelas orelhas, pela nuca, pelo cabelo e pelos pés.), os sacrifícios de carneiros e bodes que encerram a peregrinação a Meca e as contribuições obrigatórias que vão de 2,5% do rendimento do crente podendo chegar á 10%, embora sua ideia sobre o julgamento final (Yaum al-Qiyamah) inclua algo semelhante ao purgatório católico.

Provavelmente diriam ser ele um “rasul”.

Entendi perfeitamente a intenção de buscar algo em comum entre as partes ao invés de emergir nossas diferenças, confesso que pratico este exercício no afã de não me tornar retrógrado ou estribado em raciocínio unilateral e tenho feito enormes avanços em relação aos católicos por exemplo, que em muitos pontos superam os protestantes, ou tentar copiar a forma de protesto não-violenta praticado por Mahatma Gandhi inspirado no evangelho muito mais do que na compreensão fundamentalista que o matou e ao mesmo tempo refutar a imposição da forma de fé celibalista ao próprio filho, mas em relação ao Islamismo vejo apenas detalhes como as várias dissidências no que se refere à compreensão legal e teológica, no Brasil têm várias tendências evangélicas discrepantes que seguem o mesmo Cristo navegando ao sabor de seus líderes locais, como também o é no Islamismo tanto dentro da maioria sunita como no meio xiita. Acho que aí em Portugal o Islão xiita ismailita é o mais presente, tendo a sua sede no Centro Ismaili de Lisboa.

Como o Irmão Dr. Martin Luther King Jr eu também tenho um sonho, ver o povo de Deus unidos num só amor e que tomos cheguemos a uma mesma conclusão.

Caro irmão, por mais que tento manter minha mente aberta e tolerante não consigo absorver a ideia de que Maomé é infalível e que a Bíblia Sagrada foi adulterado pelos judeus e pelos cristãos, nem a falácia que Jesus não morreu crucificado, não ressuscitou e seu nascimento não foi virginal, acho que isso se deve ao meu conservadorismo um tanto rude como sabes, que ainda conserva a máxima: só a Escritura, só a Graça, só a Fé são dignas de toda aceitação. Mas se falando em pontos em comum temos o monoteísmo em comum, que Deus seja louvado acima dos que os homens Lhe associam! Talvez a seita Shira do Islamismo tenha também algo em comum connosco, até começarem a ensinar a igualdade de Nanaque com Deus.

Seria prudente confundir tolerância com aceitação, Irmão Camilo? Ou o excesso de “tolerância” não deixaria de ser virtude!? Apocalipse 2:20

Claro que submeto minha análise ao crivo, advertências e orientações do erudito irmão (o reconhecimento é sincero).

Paz e Graça.

De teu irmão em Cristo,

Osni de Figueiredo São Paulo, Brasil

Fevereiro de 2010

 

 

Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas

 

 

 

 

Camilo Coelho

 

Caro Pastor Osni

Muito obrigado por esta mensagem que me enviaste, que resolvi colocar na nossa página na internet devido à grande importância dos problemas que levantas e que devem ser considerados por todos os visitantes da nossa página.

 

Quero dizer em primeiro lugar, que não me considero nenhuma atalaia para defender a correcta interpretação da Bíblia Sagrada. Nem a minha página se destina a divulgar a minha opinião, mas a ser um “espaço” de liberdade de pensamento e liberdade de expressão, que não encontrei nas igrejas nem nas religiões que conheço, onde cada um possa dizer o que pensa, evitando referir-se em termos agressivos a outras pessoas ou religiões. Claro que eu também divulgo a minha opinião nos meus artigos, os que têm as minhas iniciais (CC). Não tenho por hábito reagir contra diferentes interpretações da Bíblia, e muito menos contra teologia de outras religiões, quando forem interpretações honestas de pessoas que acreditam nessas interpretações.

Por vezes, o que faço é convidar pessoas com ideias divergentes a dizer o que pensam, evitando entrar em confronto ou pelo menos de utilizar expressões pouco dignas quando se referem aos outros. Quem sou eu para definir qual a interpretação mais correcta?!

Mas há um caso que não tolero, quando vejo que há outros motivos que nada têm a ver com teologia, por exemplo, motivos económicos ou políticos por trás de religião, casos que por vezes também acontecem no Brasil. No tempo de Jesus, Israel já estava dominada por Roma que impusera a liberdade de religião, contrariando a Lei de Moisés. Não consta que o Mestre tenha acatado outras religiões, mas expulsou os vendilhões do Templo de Jerusalém. (Mateus 21:12/13) Será que esta cena se vai repetir quando Jesus voltar?

 

O mundo mudou muito nos últimos anos. Novos problemas nos são colocados, e julgo já não ser possível viver nas igrejas evangélicas como numa espécie de abadias ou mosteiros onde os “santos” vivem em clausura, culturalmente isolados do resto do mundo. Não sei se nalguns locais do Brasil isso ainda será possível, ou se ainda haverá Seminários de Teologia em que os estudantes se limitem à lista dos “livros aconselhados”. Qualquer tipo de censura ao que os seminaristas podem estudar, sempre acaba por ter efeitos contra-producentes. De vez em quando, recebo mensagens de estudantes de teologia que me dizem: “Não conhecia a sua página na internet, mas o nosso Professor falou tão mal de si, que tive curiosidade em ler.” 

Não podemos evitar a coexistência do cristianismo com outras revelações, pois vivemos na época da informação e da globalização. A rádio, TV e internet não pedem licença para entrar em nossas casas e não podemos evitar um certo atrito nos contactos entre as várias religiões. Aliás nenhuma religião consegue viver isolada, pois este problema é comum a todas. Mas penso que será preferível que esses contactos entre as religiões se façam nas páginas de reflexão teológica, antes que os fanáticos fundamentalistas de todas as religiões causem mais problemas ao mundo em que vivemos. Talvez seja essa reflexão teológica que está faltando nos nossos dias. Penso que o prezado Osni fez muito bem em levantar a questão em que dou a minha opinião, esperando que muitos outros também se pronunciem.

 

Não sei se Maomé se alinharia aos profetas do AT, pois não sou um entendido no Islão, mas o que digo é que eu não considero os profetas do AT, como exemplos dignos de serem seguidos pelos cristãos em todos os seus aspectos. Claro que tiveram acções dignas de todo o louvor, mas também tiveram graves falhas em muitos dos seus comportamentos. Podemos ler em Romanos 3:22/24 Esta é a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo, para todos os fiéis (pois não há distinção; com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus), e são justificados gratuitamente por sua graça; tal é a obra da redenção, realizada em Jesus Cristo. Quando Paulo afirma que todos pecaram, não deixa possibilidade para que os profetas sejam excluídos.

Certamente que o sufita Yiossuf Adamgy, que é o entendido no Islão que dá apoio à nossa página nestes assuntos, irá ler estes comentários ao seu artigo. Ele nasceu em Moçambique, como aliás a maior parte dos dirigentes das nossas mesquitas em Portugal, que são pessoas bem integradas na nossa cultura, que transmitem em Portugal um islamismo responsável, que me parece bem diferente do que se passa com o fundamentalismo islâmico de alguns outros países.

Achas que seria útil pedir ao Yiossuf que nos apresente uma listagem das semelhanças e diferenças entre islamismo e cristianismo? Mas penso não ser tarefa possível, a não ser que se limite ao aspecto de teologia, pois a maior parte das diferenças estão no aspecto litúrgico e cultural. Mas há ainda outra dificuldade, pois há muitas seitas quer no islamismo como no cristianismo, com diferenças teológicas e culturais entre si, como esses rituais de purificação que suponho serem influência do judaísmo ou do clima quente e seco em que “nasceram” quer o islamismo quer o judaísmo. Será importante que, pelo menos os Padres e Pastores tenham conhecimento dos pormenores em comum e pormenores divergentes entre cristianismo e islamismo, através dos próprios islâmicos e não pelas traduções de livros americanos, como acontece com a maioria dos evangélicos brasileiros.

Quanto aos islâmicos em Portugal, eu só conheço a Mesquita Central de Lisboa, na Praça de Espanha, onde conheci o Yiossuf, numa exposição sobre o livro islâmico na nossa língua. Também tenho um antigo companheiro dos tempos da escola primária na Mesquita Ismaelita, mas nunca lá entrei.

 

Alegro-me por me dizeres que tens mudado a tua opinião sobre o Catolicismo, referindo os enormes avanços em relação aos católicos. Mas talvez se possa dizer que actualizaste a tua opinião, pois o catolicismo mudou muito desde o Papa João XXIII e o Concílio Vaticano II (1959/1965), pois eu sou do tempo em que as Autoridades Católicas perseguiam as outras igrejas e religiões, em especial nas antigas colónias. Mas não é justo culpar os católicos dos nossos dias. Claro que as mentalidades não mudam dum dia para o outro e se virmos algum velho Pastor, ou Padre, deslocado em relação à realidade dos nossos dias, só te peço paciência, tolerância e que esperes que o tempo acabe por resolver esses problemas. O importante é que os novos padres já têm outra mentalidade.   

 

Ainda quanto às diferenças, claro que há muitas entre o cristianismo e o islamismo. Há dias comentava com o Yiossuf que me parece haver mais pontos divergentes que pontos em comum entre cristãos e islâmicos.

Mas em duas coisas tenho a certeza.

Em primeiro lugar, os pontos em comum são muito mais importantes que as divergências, pois são as bases da teologia, enquanto grande parte das divergências são pormenores da liturgia e da cultura, que aliás também dividem as várias seitas do Islão assim como do cristianismo. Mas não podemos ignorar alguns pormenores importantes da teologia que dividem as duas religiões, pois estamos a tratar de religiões diferentes.

Em segundo lugar, o Islamismo é a religião mais próxima do Cristianismo. Muito mais próxima que o Judaísmo, pois o islâmico respeita Cristo, embora não aceite a sua divindade, mas está pronto a dar a sua vida por Cristo, enquanto para o judeu, Cristo foi um falso profeta que mataram, por ter tentado enganar o seu povo.

 

Isto não significa que eu defenda um certo tipo de “competição teológica” entre cristãos e islâmicos que nunca levará a uma conclusão, e pior ainda com outras religiões mais diferentes, pois partem de pressupostos diferentes, a Bíblia, o Alcorão ou outros livros inspirados. Mas cristãos e islâmicos esperam a segunda vinda de Cristo. Só nessa altura acabarão as diferenças quando Ele chamar os Seus escolhidos. Nessa altura, penso que chegaremos à conclusão de que estávamos todos errados.

No presente, não podemos ignorar o que se passa à nossa volta e muitas vezes, infelizmente, temos de julgar o comportamento dos outros. Mas julgar para efeitos de salvação ou condenação, não nos compete a nós. Jesus foi bem claro na parábola do trigo e do joio.

Mas será que devemos ficar impassíveis em relação às outras religiões?

Paulo afirma aos cristãos em Timóteo 4:7 Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.

Se ele fala em bom combate, é porque certamente que não aprova todos os tipos de combate, pois nem todos considera bons.

Também o Alcorão exorta aos islâmicos em Alcorão 2:148. Cada qual tem um objectivo traçado por Ele. Empenhai-vos na prática das boas acções, porquanto, onde quer que vos acheis, Deus vos fará comparecer, a todos, perante Ele, porque Deus é omnipotente.

Penso que estas exortações vêm ao encontro do pensamento do homem dos nossos dias.

As religiões já têm causado muito mal à humanidade apesar de toda a propaganda tentando mostrar o contrário. E qual a religião dos nossos dias que não fala no amor de Deus?! Mas, infelizmente a informação que nos vem da história é bem diferente.

A classe pensante dos nossos dias, já não está tão interessada em argumentos teológicos, mas está atenta ao comportamento dos crentes das várias religiões. De nada serve falar no “amor de Deus”, se este não for demonstrado nas vidas dos que professam essa religião. Nomeadamente no Brasil, o que fazem as várias igrejas e religiões em apoio dos mais pobres? Será a cobrança do dízimo para os tornar ainda mais pobres?!

Aliás o próprio Cristo nos diz em Mateus 7:20/23 Pelos seus frutos do conhecereis. Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demónios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus.

 

Quanto às perguntas que me fazes: Seria prudente confundir tolerância com aceitação? Ou o excesso de “tolerância” não deixaria de ser virtude!?

Penso que tolerância é diferente de aceitação. Só faz sentido sermos tolerantes com aquilo com que discordamos. Se alguém aceitar alguma religião, já não se poderá falar em tolerância a não ser em relação às outras religiões. Sem tolerância religiosa, o Brasil, assim como todo o mundo seria um barril de pólvora.

Não só o Brasil, como todos os países lusófonos, são países seculares e democráticos embora com maior ou menor experiência democrática, onde todas as religiões terão de coexistir livremente em pé de igualdade. Em todos os países lusófonos há liberdade religiosa, embora nalguns possa haver uma certa discriminação religiosa, como é o caso de Portugal onde as leis não são iguais para todos, pois a Igreja Católica se rege por uma Concordata e não pelas leis válidas para as outras igrejas e religiões.

Essa coexistência das várias religiões só será possível com uma tolerância que terá como limite as liberdades e direitos dos outros cidadãos e outras religiões. Tens razão ao falar no difícil problema do limite da tolerância. Em 2008 houve jovens evangélicos no Brasil que atacaram templos espíritas partindo as imagens. Penso que estariam obedecendo a passagens veterotestamentárias como Levítico 20:27 Deveria tal atitude ser permitida, por estarem a obedecer a um mandamento bíblico? Se houver discriminação da mulher, em transgressão da Constituição dos vários países, como acontece em muitas igrejas evangélicas, na Igreja Católica, nas mesquitas e sinagogas onde a mulher não tem os mesmos direitos do homem nem pode exercer os mesmos cargos eclesiásticos, deverá tal prática ser tolerada, porque tem fundamento nos livros religiosos?

Talvez por não estar ligado a nenhuma igreja, não estou muito preocupado com as liberdades das religiões. Prefiro pensar nas liberdades do indivíduo em vez da liberdade das igrejas e religiões, pois são coisas bem diferentes. Quem tiver dúvidas, basta que se lembre de que a Igreja Católica nunca foi tão poderosa como na Idade Média. Mas será que podemos falar nos direitos dos católicos na Idade Média?!

Penso que todos devem ser livres para seguir a religião que entenderem, ou não seguir nenhuma religião, ou mudar de religião se assim o entenderem. Num contexto secular, a liberdade das religiões deverá ter como base o direito de todo o cidadão se associar em organizações religiosas.

Se para os cristãos, Cristo é o Filho de Deus, para os islâmicos é um dos maiores profetas e para os judeus é um vigarista e falso profeta, todos são livres para pensar e divulgar o que entenderem, desde que o façam com correcção e tolerância.

 

Quero deixar claro que a minha página não está ao serviço de qualquer igreja. Eu respeito o direito à heresia, desde que não seja ofensiva para ninguém, pois segundo o seu significado etimológico, heresia significa simplesmente opinião diferente. Isto não significa que eu não tenha uma opinião teológica, mas simplesmente que respeito a diferença de opinião. O grande problema, é que a liberdade de religião tem um preço que nem todos estão dispostos a pagar: É saber ouvir opiniões diferentes e saber que temos o direito de discordar e dar também a nossa opinião. Se não soubermos ouvir e tolerar outras opiniões e religiões, então não merecemos a liberdade de religião que temos.

  

Quanto a ser desprezado pelos tais, pelos mais espirituais, como referes…. Talvez eles tenham certa razão em me desprezar. Mas há só Um que sabe por que devo ser desprezado. Depois de passar os 75 anos de idade, e depois de mais de 55 anos de crente, eu já me habituei a tudo e até já desisti de ser espiritual. Em vez disso, peço ao Senhor que me transforme em alguma coisa que ainda possa ter alguma utilidade para o Seu Reino o que não é o mesmo que ser útil às igrejas e religiões.

 

Com um abraço fraternal do

Camilo – Marinha Grande, Portugal

Março de 2010

 

 

 

COMENTÁRIOS  RECEBIDOS

 

 

Carlos Aragão – Técnico bancário, gestor da área de Documentação e Informação do Banco de Moçambique. Maputo, Moçambique

Se é que li bem, quando falas em “ser desprezado pelos tais” e falas no sentimento de “desistir de ser espiritual”, eu – embora tenho estado muitos anos arredio destas tuas lides embora nunca tenha deixado de ler com entusiasmo todas as tuas iniciativas desde 1999 – acho que devo dizer-te o seguinte:

Afinal o que nos identifica com esse ser ou mente superior – que chamas de “só Um” – não é o Espírito ou Espírito Santo? Fica difícil entender para mim – sendo novato nestas lides – que tendo tu atingido os três quartos de século (lembra-te que no teu ramo da Família tem seres muito longevos na sua genealogia) falas agora em “desistir de ser espiritual”

 Acho eu que agora – com todo o cabedal de conhecimentos que ganhaste ao longo de três quartos de século pela Universidade da Vida – é que não deverias desistir. Porém, insistir em ser cada vez mais espiritual ou ser fiel aos valores espirituais porque te vens batendo ao longo desse palmilhar que já vai longo.

 

Resposta

Fico feliz por este comentário do meu primo em Moçambique.

Penso que não fui bem explícito no que escrevi e muitos certamente não me irão compreender. Em vez de escrever espiritual, se escrevesse “espiritual”, talvez a minha ideia ficasse mais compreensível, pois depende do que consideramos espiritualidade.

Penso que em muitas igrejas há uma grande apetência por uma “espiritualidade” ingénua, ou farisaica ou “espiritualidade de salão de cultos” que sempre acaba por formar os santarrões das nossas igrejas. Desde os meus tempos de jovem, quando os Pastores a que me refiro no meu artigo Qual a minha igreja? (CC), não vieram a esse culto nessa manhã de domingo, que fiquei com uma certa aversão à palavra espiritualidade. Quando vi que os pastores e crentes mais “espirituais” que disputavam nas igrejas os dons espirituais e se orgulhavam de falar em línguas e afinal, nenhum apareceu, mas Graças a Deus que vieram outros que ninguém esperava, entendi que o Pai, tem outros critérios para conhecer os seus. Quando me refiro a “só Um”, refiro-me a Deus o Pai, o único que, segundo Jesus ensinou, sabe quando será a segunda vinda de Cristo. Mateus 24:36 Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe, nem mesmo os anjos do céu, mas somente o Pai.

Camilo

 

 

Mahomed Yiossuf Mahomed Adamgy

Caro Camilo:

Li o artigo do Pastor Osni.

Li, também, o teu comentário que, como sempre, foi fraternalmente espectacular. Parabéns.

Embora não tenha muito tempo, visto estar, ainda, tentar finalizar o meu livro que já vai em 500 páginas, fiz uma pausa para escrever e enviar-te um artigo/comentário superficial intitulando-o “Cristianismo e Islamismo (YA) – Visão dum islâmico português”.

Se o achares conveniente, publica-o.

Bom trabalho.

Um abraço do

Yiossuf

 

Resposta

Obrigado caro Yiossuf.

O importante artigo que me enviaste, bem documentado com passagens do Alcorão, será útil, não só como esclarecimentos dos cristãos, mas também para, dentro das nossas possibilidades, neutralizar as informações agressivas e falsas informações que circulam pela internet, enviadas por fanáticos evangélicos ou islâmicos, que só beneficiam a descrença no Deus Pai que está muito acima de todas as religiões.

Mas os visitantes da minha página certamente dirão alguma coisa sobre a receptividade e utilidade dos artigos que publicamos.

O teu artigo já está disponível em Cristianismo e Islamismo (YA) – Visão dum islâmico português

Segundo Jesus afirmou em Mateus 5:9 Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.

Com um abraço fraternal do

Camilo

 

 

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