Igreja do futuro (CC)

(Deverá “clicar” nas referências bíblicas, para ter acesso aos textos)

 

 

 

1)    Introdução

 

Assisti há tempos, a uma palestra interessante na Igreja Presbiteriana de Portugal, em que foi abordado este tema “Como será a Igreja no futuro?” O apresentador do assunto, até colocou a questão: Na crise apocalíptica que atravessamos, surgirá o Cristianismo como única alternativa capaz de gerir a condição humana e particularmente a violência?

Geralmente meditamos no que foi o primitivo cristianismo e não tem sido habitual uma meditação no que será a Igreja do futuro.

Se, como ouvi um dia, do Professor Moisés Espírito Santo, Toda a religião está em constante mudança, e é produto duma época, então de certa maneira a Igreja do presente é a “Igreja Primitiva modificada”. Modificada pelo novo ambiente em que vivemos, que é bem diferente do ambiente do Império Romano no primeiro século.

Assim, também o futuro será o presente modificado por um novo ambiente, novas oportunidades e novos problemas que ainda ninguém sabe ao certo como serão.

Se é importante estudar as origens do cristianismo, nos nossos dias talvez mais importante será prever como será a igreja do futuro, pois esse futuro virá, mesmo que não se pense nele.

 

 

2) Evolução da evangelização através dos séculos

 

Em Mateus 28:19/20 encontramos as últimas palavras de Jesus. Podemos ler na tradução da Bíblia de Jerusalém Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos! Ou como está na tradução da Boa Nova, da Sociedade Bíblica de Portugal: Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos. Baptizem as pessoas em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a obedecer a tudo que eu tenho mandado. E saibam que estarei sempre convosco até ao fim do mundo.

Este mandamento, dado por Jesus antes de ascender aos Céus, foi cumprido pelo primitivo cristianismo, apesar das muitas dificuldades e perseguições, até ao ano 325, quando o cristianismo já era a religião maioritária no oriente do Império Romano, e o Imperador Constantino, cuja mãe era cristã, decide proteger o cristianismo.

A partir dessa data, a situação dos cristãos muda completamente. Antes mesmo do cristianismo ser declarado religião oficial do Império Romano, já a Cruz de Cristo aparecia nas moedas de Constantino, houve templos pagãos confiscados e entregues aos cristãos, com todos os seus terrenos e rendimentos, Constantino participava dos Concílios e colaborava nos novos métodos de “evangelização” com a perseguição aos pagãos que ainda se mantinham fiéis às suas antigas tradições.

Esses métodos de “evangelismo” pela força das armas e pressões económicas, prevaleceram ao longo dos tempos, ou talvez sempre tenham coexistido com a genuína evangelização.

Na época das descobertas e das grandes viagens de portugueses e espanhóis no século XV e seguintes, a evangelização católica ganha novo entusiasmo, com a evangelização dos novos territórios, mas era uma evangelização ao serviço do Rei de Portugal ou Rei de Espanha. Essa mentalidade está bem patente na Concordata de 1940 do Governo Português com a Santa Sé, que vigorou até 2004, nomeadamente no seu Acordo Missionário.

Com a Reforma Protestante, também houve um novo fervor missionário que em parte ainda se mantém, mas nunca deixou de ser uma evangelização ao serviço da cultura ocidental e geralmente com o apoio de alguma grande potência colonial, como foi a Bélgica, Holanda, Inglaterra, França etc.  

 

 

3) Mundo actual

 

Vivemos numa época de grandes mudanças, no campo económico ou científico, com consequentes implicações no campo político e equilíbrio do poderio militar.

O mundo da antiguidade tinha o seu centro algures no Oriente, onde vivia a maior parte da população do planeta e onde se localizavam as civilizações mais avançadas. Esse “centro do mundo”, cerca do século XVI, deslocou-se para a Europa, onde esteve durante alguns séculos, seguido de algumas dezenas de anos na América do Norte.

Actualmente todos assistimos ao declínio irreversível do mundo ocidental, no aspecto científico e económico, que irá afectar todos os outros aspectos. Nomeadamente nos últimos meses, a actual crise financeira à escala mundial, veio mostrar uma realidade de que muitos já suspeitavam. Na Comunidade Europeia já desistiram da falar no seu crescimento acima dos 3%, a América esforça-se por sair da actual recessão económica, enquanto a China mantém o seu crescimento perto dos 9% e a Índia, em face da actual crise, teve de actualizar a previsão do seu crescimento, que já não é de 8.5%, mas de 7.5 a 8%, mesmo assim, muito acima do previsto para o mundo ocidental.

A investigação espacial já não é privilégio de Russos ou Americanos. O envio dum satélite para gravitar à volta da terra, já se tornou acontecimento demasiado rotineiro para ser notícia dos jornais. Em 14 de Outubro de 2007 o Japão envia o seu primeiro satélite lunar, seguido da China no dia 24 do mesmo mês e em 22 de Outubro de 2008 a Índia também envia o seu primeiro satélite para gravitar à volta da Lua.

Certamente que estas mudanças do mundo em que vivemos terão a sua influência na Igreja. Pode-se dizer que no futuro, o trabalho missionário já não estará tão dependente da Europa e da América, mas mais dos novos grandes países emergentes, devido não só a problemas económicos, mas principalmente devido a uma Europa que perdeu as ligações ao cristianismo que se tornou uma interessante tradição da sua cultura, ou duma América economicamente falida, com a sua teologia pragmática e superficial, que se irá apagar quando se acabarem os dólares, pois nunca atingiu o nível intelectual dos teólogos europeus. Quanto ao Brasil, não ponho em dúvida de que é o “celeiro missionário”, a minha dúvida está na qualidade da semente, que geralmente é semente transgénica, geneticamente modificada pela tecnologia norte-americana. Para os evangélicos brasileiros terem alguma aceitação fora do Brasil, terão de se libertar da “colonização teológica” e cultural norte-americana, como já está acontecendo com pequenos grupos.   

Na Comunidade Europeia dos nossos dias há liberdade de religião, mas ainda se mantêm alguns pontos de discriminação religiosa, como no caso de certos privilégios das igrejas que no passado foram as igrejas oficiais desses países. É este o caso da Grécia em relação à Igreja Ortodoxa grega, o caso da Inglaterra em que o Rei sendo o dirigente da Igreja Anglicana, coloca em dúvida se estará em posição de defender a liberdade e igualdade de todas as religiões, e no caso de Portugal, onde embora haja liberdade religiosa para todos, continua a haver discriminação religiosa, pois o Catolicismo beneficia duma Concordata e de legislação diferente das outras igrejas cristãs e outras religiões, facto que considero inaceitável, num país dos nossos dias em que a lei não é igual para todos.

No entanto, a maior parte dos missionários cristãos, principalmente os evangélicos, continua com a sua actividade em países em que são minoria, com a mesma mentalidade que tinham os antigos, que eram portadores duma cultura que consideravam superior, contando com o apoio das autoridades dos países colonizadores. Eles (os missionários), eram os “agentes do bem”, e as outras religiões eram consideradas diabólicas e portanto deveriam ser destruídas, numa interpretação fundamentalista dos antigos textos veterotestamentários. 

É inegável a obra da Igreja Católica e do Protestantismo Tradicional, praticamente em todo o mundo, no campo da instrução e do apoio social, mas nalguns países, nomeadamente na Índia, há quem não aceite esse apoio às classes mais pobres, que consideram como uma forma pouco honesta de evangelização. Mas será isso condenável? Por que não fazem o mesmo as outras religiões? Sobre o assunto, aconselho a leitura dos artigos Violência religiosa em Orissa (CC) , Demonização e intolerância religiosa (MM) e Somente a fé (KS).

Penso que uma das principais causas destes conflitos é que alguns missionários ainda não notaram que o mundo em que vivemos, já não é o mesmo. Certamente que o esforço desenvolvido pelas igrejas mais organizadas na obra de apoio social e na instrução é um aspecto positivo, mas será que tal apoio só é prestado aos que se convertem? É bem possível que haja casos desses, mas pela experiência que tenho, penso que não será o caso geral.   

Infelizmente, nos nossos dias, o número dos missionários evangélicos é muito maior, mas aquilo que ganharam em quantidade, perderam em qualidade, pois grande parte dos actuais missionários evangélicos são jovens sem preparação, que estavam desempregados e se tornaram “missionários” como uma alternativa ao desemprego no Brasil.

 

 

4) Igreja do futuro

 

Num futuro mais distante, é muito difícil imaginar como será a Igreja, mas podemos pelo menos imaginar como será a Igreja daqui a 50 ou 100 anos, pois as religiões são sempre condicionadas por determinado contexto histórico. Até mesmo nos nossos dias, os problemas duma igreja no interior de África, são bem diferentes duma igreja no interior do Brasil ou duma igreja em Portugal.

Talvez seja mais fácil pensar primeiro, em como será esse futuro, para depois compreender as implicações que terá nas igrejas.

 

4.1) No futuro teremos mais e melhores meios de transporte.

Isso implicará em menos igrejas, mas maiores igrejas. Deixará de haver necessidade duma cidade ter várias igrejas da mesma denominação, como por exemplo Igreja Presbiteriana do bairro A, ou B, ou C, ou 1ª Igreja Batista, 2ª Igreja Batista, 3ª, 4ª etc, pois os crentes terão maior facilidade em se deslocar a grandes distâncias. Penso que este pormenor poderá condicionar os projectos de investimento das igrejas com vista ao futuro.

 

4.2) No futuro teremos melhores meios de comunicação, o que aliás já está a acontecer.

Penso que este pormenor irá condicionar todas as igrejas e religiões, levando a uma maior aproximação entre elas, pois haverá um maior conhecimento de outras ideias. Nos Seminários e Escolas Bíblicas os estudantes deixarão de estar limitados aos “livros aconselhados”, pois a internet estará acessível a todos. Aliás, isso já se vai tornando coisa do presente. Já tenho recebido mensagens de seminaristas que me dizem: Eu não conhecia a sua página, mas o meu Professor falou tão mal de si, que tive curiosidade de entrar na sua página e agora já compreendo o que ele não queria que nós lêssemos. Penso que a internet tornará impossível a censura, pois qualquer tentativa de encobrir seja o que for, terá efeitos contrários.

Mas, num futuro um pouco mais distante, haverá cultos com presença virtual dos crentes. O único inconveniente será a diferença horária entre os vários locais do nosso planeta. Se isso já acontece no ensino, certamente a Igreja poderá aproveitar a ideia. Temos o exemplo da Universidade Aberta em Lisboa, com alunos espalhados pelas várias partes do mundo, que contactam com seus Professores, não propriamente em presença virtual, devido à diferença horária, mas por mensagens pela internet. Mas a diferença horária também tem as suas vantagens. Perto de minha casa, na Praia de São Pedro Muel, no Concelho da Marinha Grande, há um telescópio particular da ANOA, onde nunca vi ninguém, pois o telescópio é manobrado à distância, pela internet. Mas já me disseram que muitos sócios não estão em Portugal, mas do outro lado do mundo, pois com a internet não há distâncias e eles podem manobrar de dia (no local onde se encontram), sem esperar que escureça, como acontece com quem está em Portugal.

 

4.3) Melhor índice de escolaridade da população em geral.

O maior índice de escolaridade e preparação cultural, (evitei de utilizar a palavra alfabetização, pelos motivos que constam do meu artigo Escrita Universal (CC) ) levará a um menor desnível na preparação teológica de padres, pastores e leigos. Como acontece com as mais variadas profissões (engenheiro, médico, etc), que se desdobraram em inúmeras especialidades, também a teologia terá várias especialidades a fim de poder servir uma audiência cada vez mais esclarecida. Haverá uma intervenção mais significativa do leigo, e o catolicismo terá celebrantes leigos e leigas, bem como padres casados, o que já acontece no protestantismo.

 

4.4) Melhor distribuição da riqueza no nosso planeta (quero ser optimista)

Esta aproximação entre países ricos e países pobres, terá como consequência uma redução do esforço missionário tradicional, mas ao mesmo tempo será útil para acabar com o tipo de “missionário” ao serviço do imperialismo, do seu país. O cristianismo, bem como o islamismo, terão de competir em pé de igualdade de oportunidades com todas as outras religiões e ideias religiosas. Como consequência, essa evangelização do futuro será mais pelos órgãos de comunicação, internet e outros que irão surgir.

 

4.5) Como a evolução dos nossos dias já mostra, o centro do mundo voltará para algures no Oriente, onde estarão as nações mais ricas, mais poderosas e mais desenvolvidas.

Como consequência disso, também as igrejas mais poderosas estarão nos novos países emergentes do Oriente.

Assim como nos nossos dias as igrejas evangélicas americanas influenciam através dos seus missionários as outras igrejas, nomeadamente no Brasil, com o seu pragmatismo, no futuro, essa influência virá das igrejas orientais com o seu pacifismo, talvez mais de acordo com o Mestre que também nasceu e viveu na Ásia menor, esteve em África enquanto criança, mas não nos consta que alguma vez estivesse na Europa ou na América. 

 

 

5) Conclusão

 

Para concluir, quero abordar a pergunta colocada pelo orador da reunião a que me referi na IEPP (Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal) Na crise apocalíptica que atravessamos, surgirá o Cristianismo como única alternativa capaz de gerir a condição humana e particularmente a violência?

Tudo depende do significado que dermos à palavra Cristianismo.

 

Se considerarmos cristianismo como sinónimo de Igreja, ou das igrejas, penso que tal não será possível, pois duma maneira geral as igrejas falharam, abandonaram os ideais de Cristo, abandonaram o serviço dos pobres e, dos desprotegidos, para apoiar os grandes impérios ao longo dos séculos que já passaram. Certamente que sempre houve casos isolados de exemplos de grandes cristãos que se mantiveram fieis aos ideais de Cristo e alguns até deram as suas vidas por amor da humanidade, mas duma maneira geral as igrejas serviram para incentivar o ódio, a divisão, e a violência entre a humanidade. Onde havia paz e compreensão, ou pelo menos tolerância, os cristãos levaram a divisão e violência, embora falem em ajudar o pobre, sobrecarregaram-no com sacrifícios, ofertas e dízimos.

Falaram no amor de Deus mas mostraram o contrário com as atitudes que tomaram. Falar no amor de Deus é pouco. Afinal, qual a religião dos nossos dias que não afirma que Deus é amor? O importante é que o demonstrem pelas suas atitudes. Afinal, as maiores guerras através dos últimos séculos, foram iniciadas por países que se dizem cristãos, e ainda hoje são os países de maioria evangélica que têm as mais poderosas armas de destruição em massa e os únicos que já as utilizaram.

Será possível pensar que as igrejas possam ser a única alternativa capaz de gerir a condição humana e particularmente a violência? Penso que, pelo contrário, as igrejas não são a solução, pois fazem parte do problema.

 

Mas, se considerarmos a mensagem e exemplo de Cristo, que o chamado “Cristianismo” rejeitou precisamente quando era mais importante a sua divulgação, desde que se tornou a Religião Oficial do Império Romano, a minha resposta será diferente.

Lemos em Actos 5:34/39 na tradução da Boa Nova.

Quando os membros do tribunal ouviram isso, ficaram tão furiosos que resolveram mandá-los matar. Mas um deles, um fariseu chamado Gamaliel, doutor da Lei, e pessoa muito respeitada por todo o povo, levantou-se, mandou levar os apóstolos para fora da sala por uns momentos, e disse ao tribunal: “Israelitas, tenham cuidado com o que pensam fazer a estes homens! Há tempos apareceu um certo Teudas, que se dizia pessoa muito importante, e com isso conseguiu que uns quatrocentos homens se juntassem a ele. Por fim, ele foi morto, os que andavam com ele espalharam-se e ficou tudo em nada. Mais tarde, apareceu Judas o Galileu, na altura do recenseamento. Também conseguiu levar muita gente com ele, mas foi morto, e os que andavam com ele desapareceram.

Agora neste caso, sou de opinião que não façam nada contra estes homens. Mandem-nos embora, porque se este plano e este movimento são apenas ideias de homens, acabam por falhar; mas se vêm de Deus, vocês não os conseguirão destruir e correm o risco de estar a lutar contra Deus”.

 Já se passaram vinte séculos desde que Gamaliel disse estas palavras. Estamos numa situação privilegiada para saber o que aconteceu. Afinal, o que vemos nos nossos dias?

O Templo de Jerusalém, que na época de Gamaliel parecia desafiar os séculos, foi destruído algumas dezenas de anos mais tarde.

A Lei de Moisés, que serviu para julgar a Cristo e os apóstolos, já nem em Israel funciona, pois o Israel dos nossos dias é um moderno país secular com a sua Constituição e já não é uma teocracia.

As igrejas estão arrefecidas, desprestigiadas, ultrapassadas, tornaram-se somente uma interessante tradição para a maioria dos cristãos.

Os grandes profetas do judaísmo, só têm aceitação nas sinagogas e nas igrejas fundamentalistas.

 

Se Gamaliel ressuscitasse nos nossos dias, certamente que faria a pergunta: Mas agora, que já se passaram vinte séculos, será que ainda se lembram desse Jesus Cristo? O que se passa com a mensagem dele? Qual a influência das suas ideias?

Sem dúvida que o pensamento de Jesus Cristo é o que mais influencia os nossos dias.

Para todos os cristãos, tanto católicos, como protestantes ou ortodoxos, ele é o Filho de Deus e o centro da revelação bíblica.

Para os islâmicos, embora não tenham por tradição fazer distinção entre os enviados de Deus, Jesus o Cristo é um dos maiores Profetas.

Muitos intelectuais hindus, consideram Jesus Cristo como um deus, embora o coloquem entre muitos outros, mas meditam na sua mensagem e por ela são influenciados.

Praticamente todos os intelectuais ateus ou agnósticos conhecem a mensagem de Cristo e por vezes são mais influenciados por essa mensagem que os próprios cristãos, que a esqueceram quando mais necessária seria.

Penso que a mensagem de Cristo ultrapassou a Igreja, pois Ele vai e parece ser bem recebido em ambientes onde as igrejas já perderam a sua credibilidade e já não podem entrar.

Para responder à questão inicial, se será possível o cristianismo surgir como única alternativa capaz de gerir a condição humana e particularmente a violência?

Se a palavra cristianismo é sinónimo, ou de alguma forma está ligada às igrejas, penso que tal não será possível. Infelizmente as igrejas fazem parte do problema e já não podem ser a solução. Já perderam a sua credibilidade num mundo cada vez mais esclarecido.

Mas a mensagem de Cristo, dissociada das igrejas, será certamente, não digo a única, mas uma imprescindível contribuição para a paz, assim como a mensagem de outras antigas religiões pacifistas do Oriente.

Através dos tempos, por motivos económicos e políticos as igrejas sempre se comportaram como se “quem não fosse por nós seria certamente contra nós”, por não aceitar a autoridade da Igreja ou das igrejas. 

Não podemos esquecer o que Jesus afirmou em Marcos 9:40 Pois quem não é contra nós, é a nosso favor. A verdadeira mensagem de Cristo, nada tem a ver com os autoritarismos das igrejas.

Acredito no Reino de Deus que João Batista anunciou e Jesus veio apresentar. O Reino de Deus, que não está ligado a nenhum local, nenhuma cultura, nenhuma língua, nenhuma organização, mas é uma ideia, um modo de viver, que todos poderão aceitar sem deixar obrigatoriamente as suas tradições, pois Deus não é católico, nem islâmico, nem evangélico, nem budista ou hindu ou de outra qualquer religião. Acredito no Deus que é o Pai de toda a humanidade e que se revela a quem quiser, quando quiser e pelos métodos que entender, utilizando inclusive, métodos e pessoas que as igrejas consideram indesejáveis, pois Deus não está limitado por nenhuma fronteira teológica, económica ou cultural, Ele é o Deus Supremo, o Pai que Jesus nos revelou. 

 

Camilo – Marinha Grande, Portugal

Setembro de 2009

 

 

 

Mensagens recebidas

 

 

David Oliveira – Goiânia, Brasil - 2009/09/06

Caro Camilo.

Li o teu artigo “Igreja do futuro” e como sempre, achei a tua postura inusitada e isenta.

Nunca identifiquei o cristianismo “nas igrejas” que freqüentei. Em todas elas, só achei antropologismo; o culto aos homens dominadores, e suas castas de sustentação, infelizmente.

Os locais físicos a que erradamente chamamos igreja, nada mais são que empreendimentos mercadológicos religiosos. Como o verdadeiro evangelho de Cristo é um “produto” inviável financeiramente, introduziram-se as mensagens “desejáveis” e os “shows” atraentes.

Não vejo “o futuro das igrejas” e nem “as igrejas do futuro”, mas a mensagem de Cristo subsistirá às mortes desses empreendimentos, pois o povo vai cansar e Gamaliel terá as suas razões somente quanto à mão do homem.

David

 

 

Rev. Edilson Olive Ramos – Recife/PE, Brasil

Bom dia irmão.

Recebi seu texto. Posso dizer que nos incomoda a ponto de levar à reflexão. E digo que não só para refletir sobre o futuro da igreja, mas principalmente pela linha da história em que ela andou para chegar onde está. Seríamos nós aqueles que vão cometer hoje os erros do passado para que a igreja, também no futuro, seja cristã sem o cristianismo?

Obrigado pelo texto.

Em Cristo,

Rev. Edilson

 

 

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