Igrejas sem futuro? (MC)

(Deverá “clicar” nas referências bíblicas, para ter acesso aos textos)

 

 

 

Um pequeno empresário de uns setenta anos de idade assistiu a um Culto dominical na congregação de que faço parte. No fim do Culto, ouvi-o, nos cumprimentos à porta, manifestar à pastora a sua estranheza por não haver jovens na igreja. E resumiu com ênfase: “Uma instituição sem jovens é uma instituição sem futuro”.

A pastora que está, há muito pouco tempo, à frente da igreja, não tem culpa da situação que herdou, nesta igreja que teve um pastor anteriormente por vários anos. Mas o dito daquele visitante merece a nossa reflexão. “Uma instituição sem juventude é uma instituição sem futuro?”

 

Saldo negativo

Comecemos por reconhecer que há verdade na afirmação, com aplicação a todo o tipo de instituição formada por homens e mulheres, incluindo as igrejas. Qualquer corpo vivo tem dois movimentos: um de nascimento de novas células e outro de morte de outras células. Se há equilíbrio entre estes dois movimentos, com mais “entradas” que “saídas”, o Corpo sobrevive, tem futuro. Se, pelo contrário, numa congregação cristã se registam quase apenas funerais dos seus membros e não se celebram Profissões de Fé e Baptismos, é de reconhecer que se põe a ameaça séria do desaparecimento dessa congregação. Com saldo negativo também a igreja desaparecerá. E o desaparecimento dessa congregação far-se-á rapidamente, se nos lembrarmos que o decréscimo de membros não se faz apenas com os funerais, mas acontece sempre que as pessoas se enjoam dos Cultos e outras reuniões e se afastam simplesmente, abandonando a prática religiosa, ou vêm a aderir a outro tipo de religião.

 

Oração e estudo

O homem que fez a afirmação acima terá, lembremo-nos, uns setenta anos e é um empresário. Para a sua experiência, a questão parece evidente: por este andar, com apenas pessoas idosas a participar, esta igreja durará no máximo, mais meia dúzia de anos. Ele não sabe que muitos dos Baptismos e Profissões de Fé que se fazem nas nossas igrejas são feitos por pessoas que só começaram a ouvir o Evangelho já em idade adulta. O fenómeno da Igreja Primitiva repete-se continuamente: são homens e mulheres já envolvidos na labuta da vida que, sendo confrontados com a proclamação da Boa Nova, pregada com unção do Espírito e com a sabedoria de Deus, aderem a este Caminho, que é Cristo. João 14:6 Uma colectividade recreativa, por exemplo, se num período não tiver jovens nos seus programas, pode entrar em pânico: o fim estará perto. Mas com a Igreja não é forçoso que aconteça o mesmo. A participação dos jovens é sempre desejável e transmite sempre alegria - mas se uma congregação chega a não ter jovens não se veja nisso a ameaça de derrocada.

 

Igreja com futuro

Igreja sem futuro é a que não tem fidelidade à Palavra de Deus. Os pregadores actuais devem ter bem presente que, se prepararem com oração e estudo sério os seus sermões e estudos bíblicos, haverá sem dúvida adultos, mesmo de cabelos brancos, que acordarão para a fé e farão a sua Profissão de Fé. E as famílias se converterão, com suas crianças e seus jovens. Romanos 10:17

Devemos ser mesmo cautelosos, pois a preocupação por atrair a juventude para as nossas igrejas pode ter alguns perigos. Podemos começar a pregar um Evangelho de facilidades, de sucesso e prosperidade, muito distante do Evangelho de Jesus Cristo que a si mesmo se deu em sacrifício vivo. Efésios 5:1

Há poucos Domingos, participei de um Culto que teve muita participação de jovens. Houve muita música “metal” e “gospel” e tanto barulho que eu tive uma noite de dores de cabeça. Com Cultos assim, duvido que o Espírito Santo possa actuar e que alguém, jovem ou velho, queira seriamente pensar no apelo da Cruz.

 

Manuel Pedro da Silva Cardoso

Figueira da Foz, Portugal - Março de 2010

Transcrição da revista “Portugal Evangélico”, nº 933, de Janeiro de 2010.

 

 

 

Sobre este assunto, leia também Declínio do Protestantismo (CC)

 

 

 

MENSAGENS RECEBIDAS

 

David de OliveiraGoiânia, Goiás, Brasil. Março de 2010

Será que ainda dá tempo para pensarmos em congregações sem a didática do monólogo dos sermões? Congregações interativas não seriam melhor que congregações ouvintes somente? Crianças, adolescentes, Jovens e adultos se cansam em ouvir sempre, sempre a mesma pessoa. Esse modelo de congregação de um só membro ativo não é bíblica, sendo assim, em detrimento aos “donos da verdade”, por que não mudarmos? 

 Pessoas que vão se juntar num local para a formação da Igreja querem dar ou receber uma palavra, tanto imediata como em longo e médio prazo na direção delas. Uma pessoa que usa todo o tempo a proferir o sermão, não pode dirimir as dúvidas de cada um de seus ouvintes e as palavras de orientação, consolo e louvor, dificilmente irão de encontro às necessidades daqueles que esperam um socorro espiritual, por exemplo.

A Igreja de Jesus é formada por membros e cada um deles tem a sua participação nesse grande corpo de Cristo. Membro “gessado”, além de se atrofiar, compromete todo o corpo.

Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. 1ª Coríntios 12:14  

E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? 1ª Coríntios 12:19