Corpus Christi por Terence Mcnally  (CC)

 

 

1. Introdução

 

“Corpus Christi por Terence Mcnally” foi o título que acabei por dar a este artigo, por ser mais fácil para se identificar o assunto que vamos abordar, mas inicialmente tinha pensado noutros títulos, como “Liberdade de religião e de opinião” ou “Perigos do fundamentalismo religioso”, etc.

Nos últimos dias, tem sido comentado através da internet no nosso mundo lusófono (e certamente também noutras línguas), o caso dum filme feito na América do Norte em que, segundo nos informam, a pessoa de Jesus Cristo é apresentada de forma pouco edificante.

Entre as informações recebidas directamente na nossa caixa de correio electrónico, ou encontradas na internet, decidimos divulgar as seguintes:

 

 

2. Mensagens recebidas

 

2.1 – Recebemos, duma prestigiada organização evangélica em Portugal, a seguinte mensagem:

 

Assunto: Importante...

Queridos,

Um filme nojento está sendo filmado para aparecer na America este ano, o qual mostra Jesus e seus discípulos como sendo homossexuais!!! Da mesma forma que uma peça que já tem estado em teatros por algum tempo. Se chama “Corpus Christi” que significa “O Corpo de Cristo”.

É uma gozação revoltante do nosso Senhor. Mas nós podemos fazer diferença. É por isso que estou mandando esse email para todos vocês.

Você poderia, por favor, adicionar o seu nome no final da lista desse email?

Se você fizer isso, nós poderemos ser capazes de banir esse filme de ser mostrado na América.

Aparentemente, algumas regiões da Europa já baniram o filme. Tudo que precisamos é de muitas assinaturas! Lembre-se, Jesus disse:

“Aquele que me negar diante dos homens, eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus”

Por favor, não simplesmente Encaminhe!!! Por favor, selecione todo o texto, copie esta mensagem (CTRL + C), cole (CTRL+V) em uma nova mensagem e depois adicione o seu nome no final da lista e mande para todos os seus contatos.

Quando as assinaturas da lista atingirem 500 nomes (ou seja quem for o nº 500 da lista), por favor mande-as para:    homasg@softhome.net

E depois comece de novo......SE TRABALHARMOS JUNTOS PODEREMOS FAZER ISTO!!!

Obrigado.!

 

Tomei a decisão de devolver esta mensagem, juntamente com uma justificação da atitude que assumi. Devolvi a mensagem à organização evangélica portuguesa que a enviou, embora note, pelo português utilizado, que deve ter sido escrita no Brasil.

 

 

2.2 - Também através da página Uniaonet, recebemos a seguinte notícia:

 

www.elnet.com.br  Essa deve ser a atitude de respeito e preservação do que é sagrado! O que temos feito no Brasil? O grupo cristão escocês Christian Voice chamou a polícia para repreender uma companhia teatral que encena uma peça que retrata Jesus como gay. Stephen Green, representante do grupo, em entrevista a rádio BBC, disse que os cristãos não podem ficar calados com o fato. Para ele, quando acontece uma blasfêmia como essa, os cristãos têm que se manifestar. Tamanha polêmica está sendo causada pela peça Corpus Christi, de Terence Mcnally, encenada na Universidade de Saint Andrews. Para os cristãos do local, Jesus Cristo está sendo retratado como um desbocado, bêbado, um homossexual promíscuo, e isso é um insulto a fé. O diretor da peça, Zsuzsi Lyndsay, nega as acusações. Segundo ele, Jesus não diz nenhuma palavra feia durante toda a apresentação. O grupo Christian Voice apresentou queixa formal à polícia, argumentando que o trabalho era profano, mas, até agora, nenhuma decisão foi tomada. (Missionário CRUZ DE CRISTO)

 

 

2.3 - Pesquisando na internet, encontrei em http://www.e-jovem.com/news_02.htm a seguinte notícia:

 

Estreou sob protestos na terça-feira, dia 3, em Colônia (Alemanha), a polêmica peça de Terence McNally “Corpus Christi”. Desde a sua estréia na Broadway, em 1988, a peça provoca protestos, ao mesmo tempo que enche as salas de teatro, por sugerir que a traição de Cristo deveu-se ao fracasso da relação homossexual entre Jesus e Judas. Além de manifestações e mensagens de repúdio dos católicos, o espetáculo foi repreendido até mesmo pelo Conselho de Islâmicos da República Federal da Alemanha. “A paz entre as religiões pressupõe a paz entre as pessoas, que uma peça teatral desse estilo coloca em perigo”, observou o presidente da instituição, Hasan Özdogan.

 

 

Atendendo a que este assunto está a mobilizar a opinião dos crentes de língua portuguesa, resolvemos aborda-lo no presente artigo, dando a nossa opinião e colocando o “espaço” da nossa página à disposição de quem queira emitir a sua opinião, desde que esta esteja em português correcto e acrescente alguma coisa de novo que ainda não tenha sido dita.

 

 

3. Nossa opinião

 

Quero dizer em primeiro lugar, que compreendo estas reacções dos católicos, islâmicos, protestantes tradicionais e até dos evangélicos brasileiros, sendo estes últimos geralmente mais receptivos a tudo que seja produto “made in USA”. 

Como crente em Cristo, também não sou indiferente ao que se possa dizer do nosso Mestre. Mas não me identifico com este tipo de reacção, pelos seguintes motivos:

 

3.1 - Penso que, quem se sentiu ofendido com este filme, tomou a atitude errada com esta reacção, pois embora bem intencionada, esta “guerra santa” irá ter resultados contrários ao desejado, funcionando como divulgação e propaganda dum filme que a maior parte desconhecia, como era o meu caso. Certamente que o realizador, sabendo deste movimento a nível mundial, já estará a esfregar as mãos de contente, pois do ponto de vista comercial, o filme que ainda não foi apresentado em Portugal, já está a ter uma grande divulgação que os crentes quer católicos, como islâmicos ou protestantes, fazem gratuitamente. É bem significativa a informação que se encontra no terceiro documento (2.3) que nos conta o que acontece na Alemanha  “... a peça provoca protestos, ao mesmo tempo que enche as salas de teatro...”.

Como sempre acontece nestes casos, estas manifestações produzem o efeito contrário.  Lembrem-se do que aconteceu com o livro dos versos satânicos que foram um sucesso comercial devido à “komeniana” propaganda de que beneficiou.  E o mesmo aconteceu com o tal programa de TV sobre a “Última Ceia” de Herman José que também beneficiou da propaganda de católicos e protestantes em Portugal.

Lembro-me de que, já há muitos anos, havia uma revista que ridicularizava e contava anedotas sobre os carros da Ford. Era editada pelos próprios fabricantes e tinha o título “Fale mal da Ford... mas fale.”

 

3.2 - No primeiro documento que recebi (2.1), pedem-me que junte o meu nome e me identifique com uma atitude das igrejas evangélicas sobre um filme que afinal ainda não vi?!!! 

A minha resposta só poderá ser NÃO, pois não prescindo de ter opinião própria e só me pronuncio depois de ver pessoalmente e de me considerar minimamente esclarecido.

Mas há ainda outro problema. Posteriormente recebi outra mensagem idêntica, vinda do Brasil e ao comparar as listas de assinaturas, verifico que inicialmente é a mesma lista, até ao número 255 e a partir do número 256 passa a ser uma lista diferente.  Penso que este sistema de listas de assinaturas, sem uma séria coordenação, serve para dar a ideia de que são muito mais pessoas do que na realidade são, pois haverá muitos nomes repetidos nas várias listas que certamente já surgiram e continuarão a surgir. Mas isto é um sistema pouco sério, é uma americanice que nada vai resolver e só servirá para desprestigiar esta reacção.

 

3.3 - Se queremos ter liberdade de expressão, temos em primeiro lugar, de respeitar a liberdade dos outros, por mais que nos custe.  Sou crente evangélico, por crer nos evangelhos, embora não esteja ligado a nenhuma igreja.  Não apoio esta atitude fundamentalista e inquisitorial que não posso aceitar, pois defendo a liberdade de expressão e de opinião. Não quero regressar ao obscurantismo medieval controlado pelos religiosos. É bem significativa a atitude do grupo escocês Christiam Voice ao chamar a polícia, “para repreender uma companhia teatral”!!!  Com base em que lei?!! A Inglaterra está na Comunidade Europeia e não podemos permitir que esta se transforma numa teocracia medieval.

A primeira mensagem que recebi (2.1), afirma que “aparentemente algumas regiões da Europa já baniram o filme”, mas seria interessante comprovar a veracidade dessa informação e saber que regiões ou que países são esses e se nomeadamente serão membros da Comunidade Europeia onde há liberdade de expressão.

 

3.4 - Se esta manifestação se destina, como consta da primeira mensagem que recebi, a “banir esse filme de ser mostrado na América”, que é que eu tenho a ver com isso? Até poderia a minha identificação com essa manifestação ser interpretada com uma identificação com os evangélicos americanos. Como verdadeiro crente em Cristo, não prescindo de me demarcar dos “crentes” americanos, com os quais não gostaria de ser confundido.

 

3.5 - Mas, deverão os crentes em Cristo, ficar indiferentes perante um filme destes?

Penso que a indiferença e simplesmente a ignorância sobre o filme, seria a melhor opção, pois todas estas manifestações só servirão para uma maior divulgação do filme. Eu próprio, tenciono ser mais uma das vítimas desta propaganda, pois tenciono ir ver o filme, já que peguei neste assunto.

Suponho que será mais um filme de qualidade duvidosa, como foi  a “Paixão de Jesus Cristo” de Mel Gibson que também beneficiou desta ingénua “propaganda dos religiosos” e afinal não passou duma sequência de truques cinematográficos, os mesmos utilizados nos filmes de acção ou de terror, mas que conseguiram mobilizar os religiosos só por serem utilizados com a pessoa de Jesus Cristo. O filme terminou sem deixar nenhuma mensagem, nenhum pensamento mais profundo a não ser as cenas de violência. Penso que foi um frade católico que fez o melhor comentário: “Nem Cristo sem cruz, nem cruz sem Cristo.”

Quem vive no ocidente, pode não notar que vivemos numa das piores épocas para  o cristianismo duma maneira geral, em que as igrejas conseguiram deturpar a mensagem do Mestre e associar o cristianismo aos maiores crimes do passado e do presente, pois há igrejas, ditas “evangélicas”, que se identificam com o imperialismo ocidental, nomeadamente o ataque militar ao Iraque. Não seria esse um motivo muito mais grave, para que as igrejas ainda fiéis a Cristo se mobilizassem de forma mais enérgica para impedir essa cruzada dos nossos dias, para libertação dos poços de petróleo do Iraque? É verdade que o actual Papa e algumas organizações católicas e do protestantismo tradicional reagiram contra essa guerra, mas a maior parte das igrejas ditas “evangélicas”, mantiveram um comprometedor silêncio.

 

3.6 - Será possível, ou aceitável, ou desejável que a exibição de tal filme seja proibida pelas autoridades?

A resposta a esta questão, depende muito da legislação dos vários países em matéria de liberdade de expressão. 

Penso que isso seria fácil com um governo teocrático cristão (como muitos evangélicos brasileiros defendem para o seu país), ou em algum país com uma teocracia islâmica. Os Estados Unidos da América já têm proibido emissões de TV através de satélite dos países islâmicos, embora com acusações um tanto vagas e pouco credíveis de incentivarem o terrorismo. O mundo não poderá deixar de relacionar esta atitude dos EUA com uma censura teológica apoiada pelo seu actual Governo. 

Mas na Comunidade Europeia, penso que tal proibição não é possível pois teria de obedecer a motivos que só são válidos num contexto de teologia.

No segundo documento (2.2), apresentado pelo grupo Christian Voice, fala-se em blasfémia.  Duvido que esta palavra conste da legislação da Comunidade Europeia ou dos vários países que a compõem. De acordo com o dicionário etimológico de José Pedro Machado, “blasfémia” vem do grego “blasphémia” e significa palavra de mau agoiro; palavra que não deve ser pronunciada em cerimónia religiosa, etc.  Mas o filme não foi apresentado em nenhuma cerimónia religiosa e não nos parece que as igrejas possam interferir no que se passa fora dos seus edifícios religiosos. 

De acordo com o Artigo 42 - 1. da Constituição portuguesa -  “É livre a criação intelectual, artística e científica.”

No Artigo 43 - 2. encontramos - “O Estado não pode atribuir-se o direito de programar e educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.”

Mas, se estamos em países onde há liberdade de expressão, então que usemos esta liberdade para apresentar a nossa opinião e respeitemos a liberdade dos outros.  O importante é emitir a nossa opinião de forma séria, calma e realista. Costumo dizer que a emoção bloqueia o raciocínio, ou por outras palavras, quanto mais emotivas as pessoas, menos raciocinam. Infelizmente, muitas vezes os crentes são apenas entusiastas e emotivos.

Gostaria de ter a opinião de algum advogado brasileiro sobre a viabilidade do Governo Brasileiro proibir tal filme no Brasil, pelo que aqui fica o meu convite para que me enviem uma opinião sobre o assunto.

 

3.7 - Se é desejável que os vários países intervenham para proibir um filme que consideram ofensivo para o cristianismo e para o islamismo, então o que dizer dos missionários que na Índia ou em outros países do Oriente afirmam que os deuses do paganismo são deuses falsos?  Não deveriam da mesma maneira tais missionários serem punidos por tais blasfémias no contexto cultural desses países?

Aquilo que para uns é blasfémia, para outros poderá ser um acto digno de todo o louvor.  Tudo depende do nosso ponto de vista.

 

3.8 - Para terminar, gostaria de lembrar uma afirmação que ouvi já há alguns anos do Doutor Jónatas Machado, Professor de Direito da Universidade de Coimbra e membro duma igreja batista. “A liberdade tem um preço: É saber ouvir o que se não quer ouvir e saber que se pode responder publicamente.”

Como disse de início, compreendo a reacção dos católicos, islâmicos e protestantes a este filme, pois também não gosto que se brinque com a figura de Jesus Cristo, mas há que ter a coragem de raciocinar fora do contexto religioso.  Há que ter a coragem de encarar o mundo real em que vivemos.

Não podemos esquecer os elevados “custos” duma eventual intervenção das autoridades para proibir que tal filme seja exibido nos nossos países.  Isso seria a abertura dum precedente que poderia ser o início duma nova censura ou duma nova Inquisição, muito mais sofisticada e cem vezes mais perigosa, em plena época da informática, para defesa da sua verdade.

Desculpem, mas mesmo que essa verdade seja a nossa verdade, ou a minha verdade... eu prefiro o filme de Terence Mcnally, que ainda não vi, por pior que ele seja.

Prefiro continuar a pagar o preço da liberdade, para que a Liberdade possa continuar.

 

Camilo – Marinha Grande - Portugal

Dezembro de 2004

Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas

 

 

Poderá enviar seus comentários para  ---  

Serão publicados os comentários que tenham interesse ou acrescentem alguma informação nova.

 

 

MENSAGENS RECEBIDAS

 

 

Creio ser isso uma forma de fazer conhecido aquilo que poderia ser menosprezado ... 

Aqui no serviço (trabalho numa empresa de Marketing) chamam isso de “Divulgação em meios que não alcançaríamos” ...  muita gente que nem iria ter conhecimento deste desatino, vai ficar curioso em ver como é que é ... e nem temos como comprovar se isso é realmente verídico ... recentemente fui ameaçado pelos advogados da Protec Gambler, por divulgar uma informação que difamava injustamente essa empresa ...

Yrorrito Seyti Abe   http://www.estudos-biblicos.net/yro.html

 

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Camilo, comungo da sua opinião integralmente.

Aqui no Brasil, não existe lei que possa proibir a exibição do filme, mas, as pessoas têm direito de ir ao Poder Judiciário e explicar o motivo pelo qual não gostariam que o filme fosse exibido, se o Juiz se convencer dos argumentos apresentados poderá então determinar a censura. Mas, acredito que nenhum Juiz vai ter condições de efetivamente censurar o filme, pois não existirão argumentos laicos (no aspecto religioso o Juiz não poderá opinar).

Jesus/Deus com certeza faz sua própria defesa, simplesmente dizendo: “perdoai-os eles não sabem do que fazem” e eu que poderia fazer mais, a não ser ficar satisfeito que Jesus, em meio a tanta liberdade ainda é lembrado?

Abraços

Nilson Franco De Godoi       http://www.estudos-biblicos.net/nilson.html

 

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1. No seu contexto geral a informação válida que se pode assimilar permitir-nos-á desenvolver noções erróneas que posteriormente irão custar a nossa forma de encarar a vida com toda a gama de situações individuais e comunitárias. Urge uma denúncia positiva em que seja esclarecida a falta de conhecimento no âmbito teológico e histórico, o que incentiva naturalmente uma deturpação de factos reais e que requerem ponderação consciente e racional. Reportando-me agora aos comentários que me foi dada a oportunidade de consultar, verifiquei que o filme/peça teatral “Corpus Christi” representa mais uma mega-encenação, resultado de uma procura megalómana da apresentação de temas inovadores, cujo conteúdo possa estar intrinsecamente relacionado com um misticismo secular. 

2. Os realizadores ou directores teatrais de boa fama têm que travar conhecimento com factos reais e acontecimentos que de alguma forma estão registados como sendo verídicos, para obterem aceitação crítica na área das Artes de representação em público. Mas para comporem um enredo aplicam amiudadas vezes atitudes e uma sequência de diálogo que nada têm de padronizado, desviando-se pavorosamente de certas regras que na sua essência definem uma conduta normal - intelectual, conhecedora de causa, ou coerente e afectiva, - explorando comportamentos pouco recomendáveis, assim como evidenciando uma procura sensacionalista de acções que envolvem sentimentos pouco esclarecedores e muito pouco aceitáveis. Estes factos denunciam, mais uma vez, falta de receptividade durante o período de desenvolvimento no círculo familiar e pouca atenção durante toda uma fase educacional em que estes dirigentes alcançam diplomas a nível universitário sem parecerem sequer tomar consciência de que uma grande lacuna a nível de coerência racional e objectiva parece diminuir em proporção com a assimilação de conhecimentos académicos.

 3. A par destes factos mencionados e que fazem parte integrante e vital da vivência humana, há uma terrível falta de identificação cristã que permita uma interpretação correcta e viável dos factos relatados nas Sagradas Escrituras. Na Bíblia há uma linha de conduta que é definida desde as suas origens até ao período apocalíptico profético. Uma tentativa de aprofundar e explorar todo um conjunto de acções e atitudes deveria seguir um método planeado em primeira instância, recurso este que conduziria inevitavelmente a um desfecho mais real e coerente. Deveria haver uma verificação prévia dos factos posta em prática por entendidos na área Teológica (predominantemente) e das Ciências Sociais, o que me parece sem sempre existir, já que a adaptação linguística e a comunicação corporal assim como a expressão de sentimentos definem muito mais uma certa camada social em que a cultura educacional parece não ter suscitar grande interesse e os conhecimentos linguísticos deixam muito a desejar.

A receptividade por parte dos espectadores pode não ser demasiado calorosa, mas a atenção prestada à sequência de imagens que compõem a totalidade do enredo deixam sempre semente no coração e mente humanas, o que é negativo em muitos destes casos. Por vezes, um indivíduo está atento a certas cenas e não interpreta conscientemente o que há de errado e menos aconselhável, e este facto gera falsos argumentos para si próprio. Assim como a perda de frases que definam melhor a sequência da acção, podem dar origem a um mau reconhecimento dos factos e resultam numa deturpação ocasional da acção.

Por esta razão uma peça pode gerar alguma reacção por parte de alguns espectadores, mas as salas enchem-se em demasia evidenciando indivíduos que procuram unicamente passar o tempo e acabam por sair das salas de espectáculo com comentários tão irreverentes e incoerentes que deixam um ar de espanto espelhado no rosto de outras pessoas que por acaso os escutam. Eles limitam-se a copiar certas frases proferidas durante o filme/peça teatral ou a imitar certos gestos, induzindo inconscientemente qualquer pessoa que assista a um comentário crítico e algo desagradável. Por vezes, eles agem premeditadamente de uma forma errada, mas pode muito bem acontecer terem atitudes inconscientes sem nenhum mal concreto. Só Deus sabe!

Cristina Correia  cristina@igreja-metodista.pt