Bíblia através dos tempos (CC)
(Deverá “clicar” nas referências bíblicas, para ter acesso aos textos)
1.
Introdução
Depois de termos
alguns artigos sobre a Bíblia em que abordamos o aspecto teológico, vou neste artigo
abordar aspectos bem mais materiais, como o registo dos textos bíblicos, ou
seja, o suporte material daquilo a que chamamos Bíblia, no passado, no
presente, e tentar imaginar como será no futuro.
2.
Bíblia na Antiguidade
Falar no passado
da Bíblia, ou na história da Bíblia, no aspecto que tentamos abordar, é quase o
mesmo que falar na história do livro, pois a Bíblia é um livro cujos textos
mais antigos têm sobrevivido ao longo de mais de três mil anos.
A palavra “livro”
de acordo com o dicionário etimológico de José Pedro Machado, deriva do latim libru ou liber
que significava a parte da planta do papiro que era liber,
isto é libertada do resto da planta. Era nessa casca do papiro que se escrevia.
No entanto, ultrapassando
esta definição etimológica de livro, assim como a definição da UNESCO que o
considera como um volume transportável, composto por, pelo menos 49 páginas
encadernadas... para lhe dar um significado mais alargado que sirva tanto
para o passado (antes da invenção do papel) como para o futuro (livro
informático), considerando o livro como o meio de registar o pensamento humano,
podemos afirmar que os primeiros “livros” foram as paredes das cavernas, onde
ficaram gravadas as primeiras figuras do homem primitivo.
Depois aparecem
os registos em pedra, e temos referências a este sistema, até na própria
Bíblia, em Êxodo 24:12. Esse sistema de
escrever em pedra, deveria ser muito familiar a Moisés
que fora educado no Egipto. Talvez possamos considerar essas tábuas de pedra
como a primeira Bíblia, ou o primeiro fragmento a ser escrito, do “livro” a que
hoje chamamos de Bíblia.
Na Babilónia, outra
das grandes civilizações da antiguidade, que foi a origem de Taré ou Tera, pai de Abraão Génesis 11:31, que tomou a
iniciativa de deixar a Mesopotâmia a caminho da Canaã, estava muito divulgada a
escrita em placas de argila. Não tenho conhecimento de nenhuma porção da Bíblia
escrita em placas de argila, a não ser as que foram descobertas pelos
arqueólogos em Ugarit em 1929, com poemas muito semelhantes aos salmos de
David, mas são dos séculos XIV e XV A.C. portanto antes de Moisés e não fazem
parte da Bíblia, embora esses pensamentos pudessem ter inspirado ou sido
recuperados por David em muitos dos seus Salmos.
Os materiais
mais antigos utilizados para registar os textos bíblicos, depois da pedra, que
já mencionámos, foram certamente o papiro e o pergaminho. O papiro tinha a
vantagem de ser mais barato, mas era pouco durável em comparação ao pergaminho
que era fabricado com couro de bovino e de outros animais. Este tinha a
vantagem de poder ser enrolado apresentando assim uma superfície útil muito
maior que as placas de pedra ou argila, além de ser mais fácil de transportar.
A cidade de Pérgamo, mencionada em Apocalipse 1:11 e Apocalipse 2:12 deve esse nome
à sua famosa biblioteca onde havia muitos pergaminhos.
3.
Bíblia da Idade Média
Na idade
medieval, os monges copistas tiveram uma grande importância na preservação dos
textos bíblicos, embora estes não estivessem ao alcance do povo e muito poucos
soubessem ler nessa época. De certa maneira eles fizeram o mesmo trabalho dos
escribas egípcios e mais tarde dos escribas romanos e de Israel.
O papel foi
inventado na China por Ts’ai Lun
cerca do ano 105 antes da era cristã, mas só chegou à Europa na Idade Média.
Possivelmente numa época em que muito poucos sabiam ler, não se notava tanto a
falta do papel, e este foi gradualmente substituindo o pergaminho durante toda
a Idade Média.
Em 1455,
Johannes Gutenberg aperfeiçoa a imprensa e a partir dessa data o uso do papel
torna-se corrente na Europa. O primeiro livro a ser
impresso foi a Bíblia em latim, com a compreensível reacção dos copistas que
logo viram que estava próximo o fim da sua profissão.
Dissemos que
Gutenberg aperfeiçoou a imprensa, pois o assunto não é pacífico. Muitos países
reclamam para si a honra desta importante invenção. Mais de 2800 anos antes de
Cristo que na Babilónia se utilizavam suportes de cera ou argila que
funcionavam como carimbos, sendo essa a forma mais primitiva de imprensa.
O primeiro
engenho a que podemos chamar de imprensa, surgiu em 1405, na China, inventada
por Pi Shen, mas não tinha caracteres reutilizáveis.
Foi este sistema que Gutenberg aperfeiçoou colocando caracteres reutilizáveis e
muitas outras alterações têm sido efectuadas através dos tempos, inclusiva a
utilização da informática.
Uma das mais
célebres obras editadas por Gutenberg foi a Bíblia traduzida por Lutero para a língua
alemã. Posteriormente surgiram traduções da Bíblia noutras línguas e o seu
custo tornou-se muito mais acessível. O primeiro livro impresso em Portugal,
foi o Pentateuco, impresso no seu original em hebraico na cidade de Faro em
1487.
4.1
Bíblia na actualidade
Actualmente a
Bíblia está praticamente traduzida em todas as línguas e há muito que deixou de
ser um livro só para alguns privilegiados, para estar acessível à grande
maioria. Na nossa língua já há bíblias sonoras, em que se ouve a leitura, para
os que não sabem ler, e em breve se espera a publicação da primeira bíblia em
braile.
4.2
Bíblia em livro tradicional
Ao referirmo-nos
à Bíblia impressa em livro, no formato tradicional, dos nossos dias, podemos
citar o bom trabalho efectuado por organizações que têm como objectivo a
tradução e divulgação da Bíblia, como é o caso das Sociedades Bíblicas do
movimento protestante e as Difusoras Bíblicas do catolicismo, além de algumas
ordens religiosas, que fazem um bom trabalho de tradução e divulgação da
Bíblia.
Vários factores
contribuíram para tornar a Bíblia acessível à grande maioria da população
mundial.
Depois da
invenção do papel que já citamos, a imprensa veio substituir os escribas e copistas,
com grandes vantagens económicas, mas no fim do século XX aparece outra
invenção que ameaça substituir ou pelo menos tornar obsoleta a imprensa.
Refiro-me à
informática e suas implicações no suporte material daquilo a que chamamos de
Bíblia. Aliás, mesmo a imprensa dos nossos dias, para ser rentável, não
dispensa a utilização da informática, que veio substituir a composição dos
tradicionais caracteres reutilizáveis.
4.3
Bíblia informática
O
desenvolvimento da informática não veio, pelo menos por enquanto, substituir o
papel, mas já teve o mérito de diminuir a sua utilização.
Ao falar na
“Bíblia informática”, não podemos ignorar o nosso contexto histórico neste
início de século XXI em que a informática desempenha um papel cada vez mais
importante na nossa vida diária. Nota-se nitidamente nas estações dos correios,
que o movimento de cartas é menor, pois a comunicação pela internet é muito
mais rápida (só uns segundos), mais económica e muito mais cómoda, pois não é
necessário ir a uma estação dos correios, nem o utilizador tem necessidade de
se levantar da sua cadeira. O nosso Governo português, cada vez utiliza mais a
informática, nas repartições públicas, nomeadamente nas repartições de Finanças
onde o público já não necessita de aguardar pela sua vez de ser atendido, pois
envia as informações pela internet, sem sair de casa, e os Tribunais também se
preparam para utilizar a internet nas suas comunicações, assim como muitas
outras repartições públicas, em que se pode contactar e até obter certidões e
declarações sem sair de casa. O próprio Diário da República, a publicação de
maior responsabilidade, onde todas as leis são obrigatoriamente publicadas
antes de terem validade, deixou de ser impresso em papel, passando a estar
disponível gratuitamente na internet a quem o quiser consultar e imprimir.
Em meados do
século XX, para se editar qualquer livro, incluindo a Bíblia, havia as
seguintes fases:
Primeiro o autor
escrevia manualmente o texto do livro.
Em segundo
lugar, o manuscrito era dactilografado e revisto.
De seguida,
depois de acertados todos os pormenores técnicos e económicos entre autor e
editor, o livro passava à impressão do texto, montagem dos cadernos e fabrico
do livro propriamente dito, mais ou menos elaborado se tivesse cores, fotos,
capa rija ou maleável etc.
Havia ainda a
fase de divulgação e distribuição do livro, com todos os problemas de
transporte, direitos alfandegários etc.
Com a divulgação
do texto numa página na internet, todas estas fases estão ultrapassadas.
Geralmente, é o próprio autor que escreve no seu computador, o corrector
ortográfico dá uma boa ajuda e por vezes nem há revisão do texto.
Embora o autor
dos textos possa pedir ajuda a algum técnico de informática, muitas vezes é ele
próprio que coloca os seus textos numa página da internet, operação que demora
uns minutos e cujo custo é praticamente nulo, se tiver ligação à internet sem
limite de tempo.
Já mencionamos a
vantagem económica, mas a maior vantagem é a sua rapidez. Enquanto a elaboração
dum livro pelo sistema tradicional, demora geralmente alguns meses, sendo
muitas vezes um assunto um tanto ultrapassado quando o livro chega ao leitor,
uma página da internet permite comunicação muito mais rápida. Se for para
noticiários, já há páginas de internet com comunicação a tempo real (ou quase).
Claro que para a
divulgação dum livro milenar como a Bíblia, parece que não faz sentido
preocuparmo-nos com tal rapidez, mas o aspecto económico continua muito
importante, bem como o facto da internet chegar
praticamente a todo o mundo, sem barreiras alfandegárias nem possibilidade de
censura. No entanto, se essa rapidez não tem muito significado para a Bíblia
propriamente dita, já o mesmo não acontece com o seu estudo. Através da
internet, é possível, pessoas em países e continentes bem distantes, efectuarem
um estudo bíblico em comum, com grandes vantagens, desde que falem a mesma
língua, pois se determinada interpretação não for válida em Portugal, em
Moçambique, no Brasil, na Índia ou no Japão, é sinal de que estamos perante uma
simples tradição religiosa e não um ensino de Jesus, pois a sua mensagem é incultural e eterna.
Mas não podemos
ignorar os aspectos negativos da informática em muitas das novas “traduções” da
Bíblia.
Através da
internet, é possível ter acesso a várias traduções em várias línguas, que já
sejam de domínio público. Mas têm também aparecido edições na forma tradicional
de livro, de várias novas “traduções”, mais por motivos comerciais do que por
motivos teológicos. Podemos dizer que se encontram bíblias para todos os gostos
e tendências, como as “bíblias” para determinadas igrejas (denominações), ou
grupos etários, ou certas tendências.
É fácil através
do texto informático duma qualquer tradução, efectuar modificações e alterar
por exemplo: Onde está “presbítero”, colocar “ancião” (que é o que significa),
onde está “caminharam”, colocar “andaram”, em vez de “amanhecer”, colocar “ao
nascer do sol” etc. Todas estas alterações o computador faz em todo o texto
bíblico ao fim de alguns segundos. Assim depois de um dia de “trabalho”, é
possível ter uma “nova tradução”, desde que seja alterada determinada % do
texto, para ser considerada uma outra tradução. Depois, até poderá registar os
direitos de autor.
Claro que esta
eficiência e rapidez da informática, permite o
aparecimento de muitas novas “traduções”, por motivos económicos, para fugir
aos direitos de autor mas também para alterar os textos, colocando-os de acordo
com os interesses particulares de cada grupo religioso. Podemos citar o caso de
muitas novas traduções, como a “Bíblia da Mulher”, “Bíblia Pentecostal”,
“Bíblia do Povo” etc.
4.4
Qual a solução?
Certamente que
muitos nos irão perguntar qual a solução para se evitar o aparecimento de
muitas novas traduções, muitas delas pouco sérias, como tem acontecido nos
últimos anos. Penso que, em primeiro lugar devemos ter a coragem de compreender
quais as causas desta proliferação de novas traduções, não só na nossa língua,
como a nível mundial.
Lembro-me de que
certo dia, no ano de 1961, na antiga Lourenço Marques, actual Maputo, a capital
de Moçambique, ouvi o Secretário da Sociedade Bíblica, o irmão Teixeira Leite
afirmar que estava muito feliz por ver que os prejuízos da Sociedade Bíblica
tinham aumentado em Moçambique.
Certamente que
fiquei surpreendido com esta afirmação, mas ele explicou-me dizendo que a
Sociedade Bíblica estava legalizada em Moçambique como uma livraria, e o seu
objectivo não era comercial, mas sim, a divulgação da Bíblia pelo menor custo
possível. Em Moçambique, assim como noutros países africanos, as bíblias eram
vendidas abaixo do seu custo, sendo os prejuízos suportados pelas igrejas.
Assim quanto mais bíblias vendesse a Sociedade Bíblica, maiores eram os seus
prejuízos económicos, mas o seu objectivo era precisamente esse, vender o
máximo, mesmo sabendo que isso lhe dava prejuízo.
Muito tempo
passou, muita coisa mudou, e presentemente, com a informática, esse custo
mínimo possível já pode ser nulo, se divulgassem livremente as várias traduções
na internet, para que cada visitante as pudesse copiar para o seu computador.
Seria interessante e altamente desejável que no início de tais versões da
Bíblia houvesse um esclarecimento, incentivando a divulgação gratuita e
proibindo a sua comercialização, assumindo a responsabilidade só pelas
traduções que fossem directamente retiradas (download) da sua página na
internet.
Dissemos que
muita coisa mudou, pois infelizmente, agora que o custo duma Bíblia pode ser
reduzido a zero, parece ter mudado também a mentalidade das organizações que ao
longo dos anos se têm dedicado à tradução e divulgação da Bíblia pelo custo
mais baixo possível.
Actualmente,
continuamos a nada pagar pelos direitos de autor a Moisés, Paulo, Lucas etc. (E
quanto seriam os honorários dum Salomão, que dizem que era bem exigente nos
seus impostos?!!) No entanto, a livre divulgação da
Bíblia está prejudicada pelos interesses económicos dos que se dedicam à sua
divulgação e detêm, com todo o mérito, os seus direitos de autor. Mas seria
desejável que esses direitos de autor fossem para preservar essas valiosas
traduções e não prejudicassem a divulgação da Bíblia.
4.5
Novas traduções
Tenho lido
informação sobre as várias línguas em que a Bíblia está traduzida e as línguas
que ainda não têm uma tradução da Bíblia.
Pessoalmente,
penso que esta não é a forma mais correcta de se abordar o problema, pois temos
de diferenciar entre línguas antigas, que têm a sua escrita e línguas de povos
que só muito recentemente organizaram a sua escrita. Já vou dizer por que faço
esta distinção. Certamente que apoio o esforço em ter uma tradução da Bíblia em
todas as línguas, mesmo que minoritárias, línguas que tenham a sua escrita
tradicional, mas já tenho dúvidas no caso de muitas das línguas que só muito
recentemente organizaram a sua escrita.
Em toda a África
ao sul do equador, como é o caso de Moçambique, há muitas línguas africanas que
no passado, eram somente línguas faladas, que nunca tiveram a sua escrita. Só
no início do século XX aparece a sua escrita utilizando os sons que as letras
têm na língua portuguesa. Portanto, só consegue ler essas bíblias, nas línguas
tradicionais moçambicanas, quem souber ler português. Penso que o mesmo deve
acontecer, nos países africanos ou do Continente Americano de língua oficial
espanhola, inglesa, francesa etc. e certamente que este será um exemplo do que
se passa em muitas outras partes do mundo, como a Amazónia brasileira, ou as
regiões desérticas da Austrália.
O mais
importante, é a divulgação da mensagem, e a Bíblia escrita é simplesmente um
meio para se atingir tal fim. Mas haverá outra alternativa para se levar a
mensagem sem a Bíblia escrita no tradicional formato de livro?
Da última vez
que estive em Moçambique, no ano 2002, reparei que nas pequenas aldeias do
interior, bem longe das cidades, locais onde não há TV nem electricidade, o
aparelho mais apetecido pelas famílias africanas são os pequenos receptores de
rádio a pilhas, para captarem as emissões nas várias línguas africanas. Penso
que, se investissem mais nessas emissões, ou de preferência apoiando os
pequenos emissores regionais, sempre com graves carências económicas, com
programas de rádio que captassem a atenção das populações, poderiam atingir
toda a população, incluindo os que não sabem ler.
5.
Bíblia no futuro
5.1
Bíblia num futuro próximo
Em Actos 1:7/8 temos o registo
das últimas palavras de Jesus: …Não
vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu
poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até aos confins do
mundo.
Certamente que
os velhos manuscritos, e posteriormente as cópias, das cópias, das cópias… (não
se sabe quantas vezes os originais desses velhos manuscritos que não chegaram
aos nossos dias foram copiados), foram importantíssimos para a preservação e
divulgação da mensagem do Mestre. Disso ninguém tem dúvidas. No entanto não
podemos esquecer de que esses registos a que chamamos Bíblia, não são a
verdadeira finalidade do Evangelho, mas um poderoso meio de cumprir o
mandamento de Jesus que afinal, nessa ocasião, nem menciona a palavra Escritura
nem outra expressão equivalente e parece confiar mais no poder do Espírito
Santo, que nas Escrituras.
Neste início de
século XXI, com o aparecimento de outras formas mais eficientes de registar e
transmitir uma mensagem, quando já “sentimos” que o livro na sua forma
tradicional tem os seus dias contados e passará a ser um valioso elemento
decorativo, ou um respeitável símbolo do passado, é caso para perguntarmos:
Como será a Bíblia no futuro?
Penso que no
futuro, a Bíblia em livro, que no nosso tempo consideramos tradicional (assim
como todo o livro duma maneira geral), não irá desaparecer, mas será cada vez
mais caro devido à menor tiragem e voltará a ser objecto de luxo, só para os
mais ricos.
Para a grande
maioria da população, num futuro mais próximo, o “livro” será o resultado da evolução
do CD ou DVD dos nossos dias, para uma outra forma de registo magnético, cada
vez mais portátil e com maior capacidade. Isso é fácil de se prever, pois já
está a acontecer. Num simples DVD, já é possível, não só transportar várias
traduções da Bíblia, comentários e dicionários bíblicos, como a sua consulta é
muito mais cómoda e muito mais rápida, pois os programas informáticos procuram,
qualquer frase em vários livros em alguns segundos, sem termos o trabalho de os
folhear.
5.2
Bíblia num futuro mais distante
Para terminar
este artigo, vamos tentar fazer um pouco de futurismo.
Penso que os
computadores serão ainda mais pequenos, mais leves, mais rápidos e potentes,
mas também com menor capacidade de armazenar informação, pois estarão
permanentemente ligados aos servidores de internet, onde haverá técnicos
responsáveis pela conservação dos registos e pela sua defesa contra os vírus
que tanto nos incomodam actualmente.
Estarão
ultrapassadas as barreiras linguísticas pois haverá comunicação de som com
tradução automática nas várias línguas e comunicação escrita em linguagem
ideográfica que cada um lê na sua língua. Assim poderão ser preservadas as
línguas dos pequenos grupos, quer do interior da Amazónia, de África ou de
qualquer outro local do mundo que tiverem sobrevivido até essa época.
Bem sei que,
para quem nunca saiu do ocidente, poderá parecer um pouco estranha, a afirmação
de que a escrita ideográfica será a escrita do futuro. Mas, convido a ler o meu
artigo Escrita
universal (CC) onde tento desenvolver este assunto. Inicialmente era um
capítulo deste artigo, mas devido ao seu tamanho, optei pela sua publicação como um artigo em
separado.
6.
Conclusão
Ao terminar este
artigo, lembro-me do conselho de Gamaliel em Actos 5:34/39 Principalmente
os versículos 38 e 39 …porque este conselho ou
esta obra, caso seja dos homens, se desfará; mas, se é de Deus, não podereis
derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra
Deus.
Já se passaram vinte séculos desde a época de Gamaliel, e o
que vemos nos nossos dias? O imponente Templo de Jerusalém, que parecia
desafiar os séculos, poucas dezenas de anos sobreviveu a essa época. Moisés e
Abraão ficaram limitados ao seu povo, ou talvez só a parte de Israel, que
acabou por se reconstituir como nação independente, mas já não é uma teocracia.
Nem entre o seu povo, Moisés ou Abraão têm a mesma influência dessa época. Mas
Cristo sobreviveu à “prova de Gamaliel”, a experiência do passar dos séculos.
Ele é a principal figura entre todos os cristãos, é dos maiores profetas em
todo o mundo islâmico, é uma referência cultural para muitos agnósticos, ateus
e até outras religiões.
Sejam quais
forem as mudanças que nos reserve o futuro, uma coisa sabemos, que a mensagem
de Cristo irá permanecer, com todas as diferentes interpretações entre os que a
estudam, até que venha o Mestre que nos falta, o único que poderá ser ouvido
por toda a humanidade.
Num mundo cada
vez mais esclarecido, o maior problema já não é a falta de conhecimento de
Cristo, mas pelo contrário, o maior problema é o conhecimento que a humanidade
tem das igrejas e religiões que já perderam a sua credibilidade devido aos
crimes cometidos no passado e no presente.
Somente o Logos,
o Cristo, o único que é a revelação e a Palavra de Deus, vai cada vez com mais
facilidade, onde os religiosos já não podem ir, e só Ele poderá nos últimos
dias, ser escutado por todos, pois é o único Mestre que todos respeitam, e Ele
prometeu que voltaria.
Camilo – Marinha Grande,
Portugal
Junho de 2007
Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas